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A estrutura argumental da língua Dâw

Texto completo
Autor(es):
Jéssica Clementino da Costa
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Luciana Raccanello Storto; Esmeralda Vailati Negrão; Kristine Sue Stenzel
Orientador: Luciana Raccanello Storto
Resumo

Esta dissertação descreve e analisa a estrutura argumental e as classes verbais da língua Dâw (família Nadahup, Amazonas). Estudamos os verbos dessa língua do ponto de vista semântico e sintático, identificando classes e subclasses de acordo com o comportamento morfossintático das raízes verbais. Além disso, avaliamos as hipóteses descritivas e explicativas das classes verbais identificadas por Martins (2004), primeira pesquisadora a abordar a morfossintaxe Dâw. Nosso arcabouço teórico é a teoria de estrutura argumental desenvolvida por Hale & Keyser (2002), que propõe uma análise da sintaxe e da semântica dos itens lexicais por meio da estrutura argumental sistema de relações estruturais estabelecidas entre o núcleo e seus argumentos, dentro de estruturas sintáticas projetadas pelo próprio núcleo. Por meio de testes linguísticos variados, incluindo alternância de valência e julgamento de (a)gramaticalidade, reclassificamos as nove classes verbais identificadas por Martins (2004) em três classes de acordo com a valência do verbo: classe dos verbos intransitivos, classe dos verbos transitivos e classe dos verbos bitransitivos. Martins (2004) afirma que, na sentença, os verbos podem mudar de tom devido à presença de um morfema tonal transitivizador ou intransitivizador. Contudo, mostramos neste trabalho que o sistema tonal da língua, no nível da sentença, é previsível. Desse modo, independentemente do processo de aumento de valência envolvido, percebemos que a mudança tonal dos verbos decorre devido ao fraseamento fonológico das sentenças. Quanto ao processo de transitivização, este identificou subclasses de verbos intransitivos: verbos alternantes e verbos nãoalternantes. As restrições de alternância devem-se à estrutura argumental de cada tipo verbal. No caso dos verbos intransitivos alternantes ou inacusativos, observamos que eles são formados a partir de estrutura diádica composta, que projeta um especificador interno e um complemento, o que lhe permite alternar entre uma forma intransitiva e transitiva. No caso dos verbos não-alternantes encontramos três padrões: verbos denominais e inergativos, formados a partir de uma estrutura argumental monádica (que não projeta especificador interno), o que impede a alternância; verbos inacusativos nãoalternantes, formados a partir de uma estrutura monádica que toma como complemento uma estrutura diádica básica verbos desse tipo não alternam, pois eles não são formados por uma estrutura diádica, mas contêm tal estrutura; e ve b s e jetiv is, formados a partir de uma cópula que toma como complemento um adjetivo. Uma vez que raiz e núcleo verbal possuem conteúdo fonológico pleno (não vazio), não é possível fazer conflation entre núcleo e raiz, o que impede que o predicado verbal seja formado. Essa estrutura explica a agramaticalidade desses verbos frente ao processo de transitivização automática. Também testamos a sintaxe e a semântica da intransitivização (construções incoativas, voz passiva, reflexiva e média). De modo geral, percebemos que não há morfologia específica para a construção de sentenças médias, incoativas ou anticausativas. Não existem passivas em Dâw; no lugar desta voz, os falantes produzem sentenças incoativas ou com o sujeito subespecificado. As sentenças reflexivas são geradas por meio de pronomes reflexivos na posição de objeto da sentença. Por fim, vimos que objetos diretos de sentenças transitivas são marcados pelo morfema {-uuy\'} analisados por nós como MDO. Sua aplicação está condicionada a restrições semânticas de definitude e animacidade (AU)

Processo FAPESP: 11/16168-2 - A estrutura argumental da Língua Dâw
Beneficiário:Jéssica Clementino da Costa
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado