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Por uma história econômica da escola: a carteira escolar como vetor de relações (São Paulo, 1874 -1914)

Texto completo
Autor(es):
Wiara Rosa Rios Alcântara
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Educação (FE/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Diana Goncalves Vidal; Heloisa Maria Silveira Barbuy; Wilma Peres Costa; Hugo Massaki Segawa; Renata Duarte Simões
Orientador: Diana Goncalves Vidal
Resumo

O estudo da materialidade da escola, no caso, a carteira escolar, evidencia como questões de ordem econômica e administrativa estão relacionadas à estrutura e ao funcionamento das instituições de ensino. Por isso, neste trabalho, investiga-se a emergência da escola como mercado consumidor, do Estado como comprador e da indústria de mobiliário escolar, em São Paulo, entre o fim do século XIX e início do século XX. Para tanto, as fontes utilizadas foram inventários de bens, ofícios e correspondências de diretores e professores solicitando material escolar (documentos produzidos no interior da escola); notas fiscais de compra e/ou importação, catálogos de fábricas de móveis escolares, almanaques, recibos de fornecedores (fontes vinculadas ao comércio e à indústria escolar); manuais e revistas pedagógicas que discutem a relação entre a carteira escolar e a saúde dos alunos, os fundamentos higiênicos, pedagógicos, antropométricos e ergonômicos do mobiliário escolar (documentos produzidos por especialistas); relatórios, lista e livros de almoxarifado (documentos provenientes da administração pública). A opção metodológica consistiu em tomar a carteira como fio condutor da análise, seguindo os rastros deixados na cultura material escolar, como artefato escolar e industrial; na história econômica, como mercadoria; na história conectada, como objeto que circula entre países e culturas. Tal procedimento mostrou que a indústria teve uma contribuição significativa na expansão e criação das condições físicas da escola elementar, moderna e de massa. Elucida também os desafios econômicos e administrativos do Estado, como prestador de serviço público, para suprir materialmente a escola e permitir a implantação da obrigatoriedade escolar. Como resultado, evidenciou-se que as carteiras escolares são vetores de relações pedagógicas, higiênicas, culturais e comerciais. Portanto, além de um objeto escolar, ela é também um artefato industrial mostrando que a história e a configuração da escola não se definem somente no interior dela, mas na relação com o mundo externo, em dimensões econômicas, políticas e sociais. Isso implica em que as políticas públicas e práticas administrativas voltadas para a escola na sua formulação e introdução não podem levar em conta somente as questões internas à instituição. A compreensão da e a interferência na cultura escolar demandam atenção também às relações extraescolares. (AU)

Processo FAPESP: 10/01881-2 - Corpo direito, espaço ordenado: a carteira esolar como dispositivo pedagógico e higiênico (são paulo final do século xix e início do xx)
Beneficiário:Wiara Rosa Rios Alcântara
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado