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Num mundo de muitos corpos: um estudos sobre objetos e vestimentas entre os Wajãpi no Amapá

Texto completo
Autor(es):
Camila Galan de Paula
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Dominique Tilkin Gallois; Joana Miller; Beatriz Perrone Moisés
Orientador: Dominique Tilkin Gallois
Resumo

Esta pesquisa parte de preocupação inicial com a aquisição e circulação de bens industrializados por populações indígenas. A partir de pesquisa de campo com os Wajãpi no Amapá (grupo de língua tupi-guarani), seguem-se dois caminhos para lidar com a questão. O primeiro capítulo desta dissertação investiga o modo como os Wajãpi apreciam os objetos e os critérios usados para avaliar uma coisa como boa-bonita (ikatuwa) ou ruim-feia (nikatui). A partir das avaliações desses indígenas, recusa-se a divisão entre objetos industrializados versus manufaturados nas aldeias. As discussões sobre os critérios avaliativos centram-se: (i) na avaliação das coisas por algumas de suas qualidades sensíveis; (ii) na relação entre um objeto, seu processo produtivo, seu produtor e o material utilizado em sua confecção; (iii) na distinção entre originais e importados para os produtos comprados nas cidades; (iv) na facilidade de uso que certas coisas e técnicas apresentam. O segundo capítulo investiga a questão das vestimentas, enfocando as considerações dos Wajãpi sobre o uso de roupas adquiridas nas cidades em comparação a outros elementos de fabricação corporal usados há mais tempo pinturas com urucum, jenipapo, resinas odorantes, uso de tangas e saias vermelhas, miçangas. Em diálogo com análises de outros antropólogos, abordo de diversas maneiras as considerações dos Wajãpi sobre a questão. Acompanho suas comparações entre o uso de roupas e de pinturas corporais na modulação de relações com outras gentes sobrenaturais na divisão naturalista. Trato da articulação entre o uso de certas roupas e a fabricação de corpos adequados e belos, a partir das ideias de combinar e de vergonha. As ideias de imitação (waã) e de acostumar-se (-jipokuwa) são também investigadas. Relaciono a imitação dos não indígenas e o costume de usar suas roupas a outras práticas de imitação realizadas pelos Wajãpi. Por fim, esboço uma compreensão sobre o modo como a busca por certos bens é fomentada também pelas relações entre iniciadores e seguidores. Para tanto, parto das ideias de fazer preconceito, desigualdade, ciúme, inveja. Perpassa esta dissertação a questão da corporalidade e da fabricação corporal. Objetos possuem corpos, têm suas partes nomeadas em paralelo às partes dos corpos de gente wajãpi e de outras gentes animais e plantas, na divisão naturalista. Seguindo outros autores, apresento elementos para problematizar a divisão entre pessoas e coisas, a partir de investimento investigativo na questão da fabricação corporal na confecção de objetos e de gente wajãpi. (AU)

Processo FAPESP: 12/23868-3 - Apropriação de bens industrializados por populações indígenas
Beneficiário:Camila Galan de Paula
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado