Busca avançada
Ano de início
Entree


Estudos Sobre os efeitos de um produto a base de Bacillus Thuringiensis var. Kurstaki em Ephestia Kuehniella (Zeller, 1879) (Lepidoptera: Pyralidade) e no seu Ectoparasitoide Bracon hebetor (Say, 1836) (Hymenoptera: Braconidae)

Texto completo
Autor(es):
Giovanna Garcia Fagundes
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Biologia
Data de defesa:
Membros da banca:
Mohamed Ezz El Din Mostafa Habib; Carlos Fernando Salgueirosa de Andrade; Angelo Pires do Prado; Jairo Campos Gaona; Antonio Batista Filho; Odair Benedito Ribeiro; Sergio Batista Alves
Orientador: Mohamed Ezz El Din Mostafa Habib
Resumo

Ephestia kuhniella é uma expressiva praga de moinhos de trigo. Seu controle é feito basicamente através de produtos químicos sintéticos. Porém, devido aos inúmeros problemas causados ao ambiente e à saúde humana por estas substâncias, novas alternativas para o manejo deste lepidóptero vêm sendo buscadas. Neste sentido, pesquisas em controle biológico, físico e mecânico, entre outros, são fundamentais para embasar novos programas de manejo integrado (MIP) desta praga. Dentre os agentes de controle biológico, produtos à base do entomopatógeno Bacillus thuringiensis var. kurstaki (Btk) e o ectoparasitóide Bracon hebetor são considerados altamente eficientes no controle de E. kuehniella.Todavia, a inserção destes dois em programas de MIP depende de estudos sobre suas interações na regulação da densidade do piralídeo. Sendo assim, este trabalho propõe avaliar o impacto e as interações dos dois agentes de mortalidade sobre este piralídeo. Para tal buscou-se avaliar a susceptibilidade de larvas de E. kuehniella ao Btk; analisar os efeitos crônicos de Btk no desenvolvimento dos piralídeos sobreviventes; avaliar o impacto da patogenia causada pelo Btk nas larvas de E. kuehniella sobre o desenvolvimento do parasitóide; analisar possíveis interações de compatibilidade, antagonismo ou sinergismo entre o parasitóide e o entomopatógeno e avaliar a capacidade de B. hebetor de distinguir entre larvas sadias e infectadas por Btk. Os estudos foram realizados no Laboratório de Entomologia Aplicada, do Departamento de Zoologia da UNICAMP, sob condições controladas (25 ± 20 C; 70 ± 10 % de umidade relativa e 12 horas de fotofase). Com os critérios adotados, observou-se que a susceptibilidade de E. kuehniella variou inversamente em função do estádio de desenvolvimento larval. Desta forma, larvas de primeiro estádio apresentaram maior susceptibilidade ao produto à base do patógeno (CL50 = 0,05%; IC = 0,04 % ¿ 0,06 %), seguidas pelas larvas de terceiro, que apresentaram um nível intermediário (CL50 = 0,16%; IC = 0,12 % ¿ 0,20 %). Já as larvas de quinto estádio foram as menos susceptíveis ao Btk (CL50 = 1,77%; IC = 1,42 % ¿ 2,23 %). Os estudos de efeitos agudos e crônicos do patógeno sobre o desenvolvimento, reprodução e longevidade de E. kuehniella elucidaram o caráter variável da resposta biológica ao tratamento em função da idade larval, da concentração do Btk e do tempo de exposição. Larvas de primeiro (L1) e de quinto estádios apresentaram reduções na viabilidade dos estágios imaturos. Adultos xix oriundos de larvas de primeiro e terceiro estádios sobreviventes a tratamento com Btk não apresentaram efeitos crônicos em termos de capacidade reprodutiva e longevidade. Porém, os adultos que se originaram de indivíduos tratados no quinto estádio larval apresentaram menor capacidade reprodutiva. Já a viabilidade dos seus ovos não diferiu do grupo testemunha. A longevidade do piralídeo foi diminuída quando estes adultos foram expostos ao contato direto com o produto microbiano. Este efeito indireto provavelmente foi decorrente do estresse provocado pelo odor do produto. O Btk também foi indiretamente responsável pela redução na capacidade de B. hebetor paralisar e parasitar larvas de E. kuehniella. Adultos do braconídeo rejeitaram larvas hospedeiras que manifestavam sintomas da bacteriose. A redução da viabilidade dos imaturos do braconídeo variou em função da concentração e do tempo de exposição ao tratamento. Todavia, a longevidade dos adultos obtidos desta F1 não foi alterada. O inseticida microbiano também provocou efeitos indiretos sobre a longevidade dos adultos do braconídeo decorrentes do odor/ contato, com este. A ingestão de mel contendo Btk também diminuiu significativamente a longevidade do ectoparasitóide. Através dos estudos de escolha e olfatometria, pode-se constatar que a localização do hospedeiro por B. hebetor não é alterada em função da infecção por Btk. Mas, a aceitação das larvas para o parasitismo variou inversamente à concentração do patógeno e ao tempo de tratamento do hospedeiro. Desta forma, a maior rejeição ocorreu nos lotes onde havia a maior proporção de larvas doentes e manifestando sintomas evidentes da patogenia. Em condições laboratoriais, a ação do patógeno, nas concentrações aqui avaliadas, associada ao parasitóide, para o controle de E. kuehniella, apresentou a mesma eficiência que o parasitóide isoladamente. Sendo assim, pode-se concluir que Btk e B. hebetor atuam de maneira complementar no controle de populações dessa traça, dependendo de quem a atinge primeiro. Se o programa de MIP visa trabalhar com introduções alternadas desses dois agentes biológicos visando controle de larvas em diferentes estádios, haveria uma vantajosa compatibilidade entre estes, que permite a não utilização de produtos químicos, evita a seleção de resistência pelo Btk na população alvo e contorna o problema gerado pelo número de partículas de insetos presentes em produtos para consumo humano, como as farinhas, decorrente da introdução contínua de parasitóides (AU)

Processo FAPESP: 98/13536-4 - Interações do entomopatógeno Bacillus thuringiensis var. kurstaki com a traça da farinha, Anagasta kuehniella (Zeller, 1879) (Lepidoptera: Pyralidae), e seu parasitóide Bracon hebetor (Say, 1836) (Hymenoptera: Braconidae)
Beneficiário:Giovanna Garcia Fagundes
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado