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O terceiro tempo do trauma: Freud, Ferenczi e os desvios de um conceito

Texto completo
Autor(es):
Eugênio Canesin Dal Molin
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Instituto de Psicologia (IP/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Nelson Ernesto Coelho Junior; Renata Udler Cromberg; Daniel Kupermann
Orientador: Nelson Ernesto Coelho Junior
Resumo

O presente trabalho procura compreender o conceito de trauma psíquico a partir das teorizações de S. Freud e S. Ferenczi. Discutem-se as ideias expostas pelos dois autores sobre os aspectos intra e interpsíquicos envolvidos na formação do trauma, com o intuito de articulá-las de um modo que contemple as diferentes experiências de traumatização. A dissertação está dividida em três partes. Na primeira, composta de cinco capítulos, o eixo são experiências que parecem ter um efeito disruptivo tão logo acontecem, imediatamente ou após um curto intervalo de tempo. Incluem-se, aqui, as neuroses traumáticas, em geral, e as neuroses de guerra, em particular, assim como eventos de menor intensidade, mas que demandam um trabalho característico do aparelho psíquico. A atenção de Freud e Ferenczi voltou-se para esse tipo de formação traumática, em um tempo, após a Primeira Guerra Mundial, devido à necessidade de compreender e tratar soldados com sintomas que remetiam às experiências de trauma. Devido ao despreparo, à ausência de contrainvestimento do sistema consciente, e à intensidade da estimulação, o psiquismo é obrigado a acionar medidas defensivas primitivas, na tentativa de ligar o afluxo de excitação. Na segunda parte deste estudo, dividida em quatro capítulos, discutem-se as teorizações dos autores-base que explicitam a formação do trauma em dois tempos distintos. O modelo deriva do observado nas experiências de sedução. Para Freud, algumas vivências não são traumáticas no momento em que ocorrem, mas ganham esse atributo posteriormente, ao serem reativadas por uma nova experiência que as ressignifica. Para Ferenczi, algumas formas de traumatização envolvem o que chama de duplo choque: uma experiência causa comoção psíquica e, quando o indivíduo busca no ambiente a validação e o reconhecimento de suas sensações e percepções, estas são negadas. Utilizando casos clínicos colhidos da literatura sobre o tema, e cotejando a relação pessoal entre os autores, procura-se articular os modelos de traumatização observados. No capítulo final, conclusivo, acompanha-se a tentativa de Michael Balint de decompor a formação do trauma em três fases, unindo as ideias de Freud e Ferenczi, e propõe-se, com base no que foi discutido, a hipótese de que alguns tipos de formação traumática envolvem três tempos: o momento do choque, a reação do ambiente após o evento, e a ressignificação a posteriori das experiências anteriores (AU)

Processo FAPESP: 11/03661-2 - O Terceiro Tempo do Trauma: uma hipótese sobre o caráter intra e inter-psiquico do trauma
Beneficiário:Eugênio Canesin Dal Molin
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado