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Retrocesso democrático e populismo: caminhos para uma conexão mais produtiva

Texto completo
Autor(es):
Ana Laura Rodrigues Ferreira Ferrari
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Adrian Gurza Lavalle; Paulo Henrique Paschoeto Cassimiro; Ricardo Fabrino Mendonça
Orientador: Adrian Gurza Lavalle
Resumo

Esta dissertação visa esclarecer a conexão entre retrocesso democrático e populismo e propor caminhos produtivos para o avanço dessas agendas de pesquisa. Meu primeiro objetivo de pesquisa é responder se o conceito de populismo agrega ganhos aos estudos de retrocesso democrático ou se os custos inerentes a esse conceito os superam. Meu segundo objetivo de pesquisa é sugerir como a abordagem ideacional do populismo pode superar a limitação de não teorizar sobre os efeitos do populismo na qualidade da democracia. Eu avalio os ganhos do conceito de populismo investigando três vantagens analíticas que ele poderia trazer para estudos de retrocesso democrático: identificar preferências autoritárias em atores políticos, reconhecer um padrão de mudança institucional em processos de retrocesso democrático e facilitar o desdobramento de processos de retrocesso democrático por meio da legitimação de medidas autoritárias. Depois de discutir cada uma dessas vantagens e comparar os padrões de mudança institucional de um episódio de retrocesso democrático populista (Hungria, 2010-2015) e um não populista (Bulgária, 2016-2019), eu concluo que: identificar preferências autoritárias é uma vantagem analítica fraca do populismo; populismo não distingue as ações que chefes de governo tomam para erodir a democracia; e interpretar o populismo como uma ideologia legitimadora requer que pesquisadores adotem uma vertente teórica ideacional que é incomum em estudos de retrocesso democrático. Portanto, eu sugiro que pesquisadores interessados em retrocesso democrático devem repensar quando e como deve-se mencionar populismo, já que o conceito pode gerar mais custos do que ganhos para essa agenda de pesquisa. Finalmente, eu sugiro que pesquisadores que aderem à abordagem ideacional podem interpretar o populismo no poder como uma ideologia legitimadora e explorar como ele exerce poder em ideias e poder por meio de ideias sobre políticos e eleitores após as eleições. Assim, eu concluo que, sem ter que renunciar a sua vertente teórica preferida, a abordagem ideacional pode expandir seu alcance para abarcar os efeitos do populismo sobre os processos de retrocesso democrático. (AU)

Processo FAPESP: 19/06503-0 - Populistas no poder: a abordagem ideacional aplicada aos governos populistas
Beneficiário:Ana Laura Rodrigues Ferreira Ferrari
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado