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Comunicação e estudos multiespécies diante do Antropoceno: o caso dos sapos

Texto completo
Autor(es):
Natalia Aranha de Azevedo
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Estudos da Linguagem
Data de defesa:
Membros da banca:
Susana Oliveira Dias; Carolina Cantarino Rodrigues; Daniela Tonelli Manica
Orientador: Susana Oliveira Dias
Resumo

Sim, eu amo sapos. Cururu, sapo-martelo, rãzinha-assobiadora, perereca-de-folhagem, perereca-de-colete, rãzinha-de-folhiço, sapinho-pingo-de-ouro… E esse amor me levou a pesquisar e criar maneiras de coabitar com os sapos. Reconhecendo o risco de extinção desses animais, penso nos sapos como minhas espécies companheiras, buscando não pensar ou escrever somente sobre eles, mas com eles. Dessa forma, aprofundo-me em seus modos de vida por meio de leituras científicas, laboratórios, trabalhos de campo, das artes e colaborações com autores de diferentes áreas, especialmente Donna Haraway, Anna Tsing e Silvio Ferraz. Essa imersão revelou interconexões entre formas de vida, resultando em um trajeto-pesquisa interdisciplinar que busca sensibilizar para a importância dos sapos e de outros seres silenciados. Diante do Antropoceno, não é suficiente investir em uma comunicação que faça apenas denúncias dos impactos das atividades humanas nas vidas desses animais. É preciso engajar o público num aprendizado sobre o que pode ser comunicar e escutar frente aos meios massificados de comunicação. Neste trabalho, convidamos o público a se deixar afetar pelos modos de vida dos sapos, como forma de levar a sério a saída de um pensamento dicotômico, que nos leva a pensar-viver-sentir desde dentro das separações entre organismos e meios, naturezas e culturas, artes e ciências. O convite é para nos sentirmos como parte de uma rede de interações multiespécies. Para experimentar essas possibilidades nos envolvemos em "mesas de trabalho com anfíbios", criadas a partir da articulação entre as práticas dos herpetólogos do Laboratório de História Natural dos Anfíbios Brasileiros (LaHNAB), os materiais disponibilizados pela Fonoteca Neotropical Jacques Vielliard (FNJV), obras de artistas (Rosana Torralba, Silvana Sarti, Jaime Reimer, Cildo Meireles, Breno Filo e Mauro Tanaka), os estudos multiespécies (Haraway, 2021; Tsing, 2019) e as experiências do grupo de pesquisas multiTÃO: prolifer-artes sub-vertendo ciências, educações e comunicações, do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor). Essas mesas foram compartilhadas com estudantes de ensino médio, artistas e pesquisadores e buscaram se configurar como pequenos exercícios de "fabulação especulativa" (Haraway, 2021), uma noção que nos auxiliou a compreender como ocorrem os encontros e conexões nos emaranhados multiespécies por meio da interação entre ciências, artes e comunicação. Das mesas de trabalho resultou uma Mostra interativa intitulada "Seguir os sapos", que guia esta dissertação através de um pensamento com experiências afetivas e perceptivas que não reproduzem a lógica emissor-receptor. As mesas de trabalho e a Mostra nos fizeram pensar em uma escuta multiespécie, onde a simbiose emerge como potência de compartilhar responsabilidades e experimentar uma relação com esses animais que mobiliza o movimento de "afetar e ser afetado", algo fundamental para gerar diferentes engajamentos diante das questões trazidas pelo Antropoceno (AU)

Processo FAPESP: 23/03090-2 - Comunicação e estudos multiespécies diante do Antropoceno: O caso do sapo cururu.
Beneficiário:Natalia Aranha de Azevedo
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado