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Efeito do estresse social sobre o comportamento materno do hamster Sírio (Mesocricetus auratus)

Texto completo
Autor(es):
Marie Odile Monier Chelini
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Instituto de Psicologia (IP/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Luciano Freitas Felicio; Vera Silvia Raad Bussab; Marcelo Alcindo de Barros Vaz Guimarães; Rupert Palme; Maria Bernadete Cordeiro de Souza
Orientador: Emma Otta; Luciano Freitas Felicio
Resumo

A flexibilidade da socialidade presente em muitas espécies sugere que muitos dos traços comportamentais e fisiológicos presentes em grupos sociais complexos possam existir em estado latente em indivíduos de espécies solitárias. Hierarquia de dominância e assimetria reprodutiva são traços característicos de espécies sociais. O hamster Sírio é um excelente modelo para o estudo do estresse social e dos seus efeitos fisiológicos e comportamentais. Na presente pesquisa foram enfocados os efeitos do alojamento em grupo antes e no início da gestação na fêmea de hamster Sírio. Investigou-se se o estresse social produz algum grau de assimetria reprodutiva nesta espécie solitária e se o sucesso reprodutivo e o comportamento materno das fêmeas variam em função do seu status social. Dois experimentos foram realizados envolvendo respectivamente 34 fêmeas de hamster criadas em grupo do desmame até o início do estudo e 76 fêmeas criadas isoladamente. Em cada experimento, um terço dos animais foram alojados em gaiolas individuais, enquanto pares de fêmeas desconhecidas umas das outras eram formados com os outros dois terços. O comportamento dos pares foi observado ao longo de 10 dias para determinar o status social de cada fêmea. Todas as fêmeas foram acasaladas neste período. Quatro dias após o parto, os filhotes foram contados, sexados e pesados e as ninhadas padronizadas a seis filhotes, três machos e três fêmeas. As mães e suas ninhadas foram observadas diariamente durante sessões de 40min e 13 categorias comportamentais foram registradas. No intuito de esclarecer os mecanismos fisiológicos subjacentes à relação entre estresse social e fertilidade, os níveis dos hormônios reprodutivos e dos glicocorticóides foram monitorados ao longo da gestação por métodos não-invasivos, previamente validados, de quantificação dos seus metabólitos nas fezes. Foi demonstrada, pela primeira vez, a adequação de um enzimaimunoensaio e de um conjunto diagnóstico comercial de radioimunoensaio para a quantificação respectiva dos metabólitos fecais de glicocorticóides em hamsters Sírios dos dois sexos e de testosterona no hamster Sírio macho, mas não da fêmea. As variações das concentrações de metabólitos fecais de progesterona, estrógenos e glicocorticóides, refletiram os perfis séricos descritos na literatura para hamsters gestantes. Os resultados mostram que quando fêmeas de hamster Sírio são alojadas individualmente após o desmame, sua fertilidade não é afetada pelo estresse social. Em contraste, quando as fêmeas são criadas em grupo, o estresse social tanto de isolamento como de subordinação a uma fêmea dominante induz um grau significante de assimetria reprodutiva, traço característico de espécies sociais que criam seus filhotes em comunidade. A manutenção de hamsters cativos adultos em grupos parece despertar traços comportamentais e fisiológicos presentes em grupos sociais complexos e que se encontram em estado latente nesta espécie solitária. A socialidade parece flexível no hamster e modulada pelas condições ecológicas. (AU)

Processo FAPESP: 05/59377-0 - Efeito do estresse social sobre o comportamento materno do hamster sírio
Beneficiário:Marie Odile Monier Chelini
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado