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O retrato do cardeal Cristoforo Madruzzo, por Tiziano: o relógio e a política no renascimento

Texto completo
Autor(es):
Isabel Hargrave Gonçalves da Silva
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Data de defesa:
Membros da banca:
Luiz Cesar Marques Filho; Cássio da Silva Fernandes; Luciano Migliaccio
Orientador: Luiz Cesar Marques Filho
Resumo

Pertencente ao acervo do Museu de Arte de São Paulo, o Retrato do Cardeal Cristoforo Madruzzo foi pintado por Tiziano em 1552, na segunda viagem do pintor à cidade imperial de Augsburg. O cardeal representado foi anfitrião do Concílio de Trento, de onde era príncipe-bispo, e que catalizou a Reforma Católica que deu novas diretrizes para a religião, a arte, e a história do Ocidente. Como príncipe-bispo do território imperial de Trento, Madruzzo atuou como embaixador e porta-voz de Carlos V, imperador do Sacro Império Romano Germânico. Como cardeal romano, serviu a mais de cinco papas ao longo de quase trinta anos. Madruzzo, portanto, encontrava-se como mediador entre as forças e os interesses papais e os do imperador. O retrato, executado pelo maior retratista do século - preferido de Carlos V e que pintou diversos membros da corte Habsburga - deixa transparecer aspectos diferentes desse momento da história européia. O cardeal é representado no ato de abrir a cortina vermelha e revelar um precioso relógio mecânico no qual está gravada a data do quadro, e que indica uma hora precisa. Longe se ser a primeira vez em que um relógio mecânico aparece num retrato, este se insere numa tradição iconográfica que atribui ao mecanismo diversas conotações morais, como a virtude da temperança, a vanitas, o memento mori. Além disso, o objeto passa a ser visto como um símbolo da regularidade do mundo que, com o advento da ciência, é cada vez mais racional e preciso. O relógio mecânico foi apreciado por colecionadores, como o próprio Carlos V, cujo interesse se devia em parte à proliferação de textos políticos que associavam a ação do governante às engrenagens de um mecanismo como o relógio. Enfim, o mecanismo em forma de torre presente no Retrato do Cardeal Cristoforo Madruzzo é, mais do que um objeto, o personagem central da cena, cuja teatralidade brilhantemente construída por Tiziano nos fez percorrer toda essa trajetória (AU)

Processo FAPESP: 10/04301-7 - O retrato de Cristoforo Madruzzo, por Tiziano, do Museu de Arte de São Paulo: a tradição iconográfica de instrumentos medidores de tempo e suas discussões renascentistas
Beneficiário:Isabel Hargrave Gonçalves da Silva
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado