Estudo do papel da reação em cadeia da polimerase (PCR) em biópsias endomiocárdicas para o diagnóstico precoce da reativação da Doença de Chagas após o transplante cardíaco

Resumo

A reativação da doença de Chagas (RDC) após o transplante cardíaco é complicação relativamente frequente, apesar de sua baixa letalidade. Seu diagnóstico é muitas vezes difícil, e quando a mesma ocorre no miocárdio o aspecto histológico da biópsia endomiocárdica (BEM) é muito semelhante ao que ocorre na rejeição aguda celular, com infiltrado inflamatório mononuclear e agressão dos cardiomiócitos. A distinção entre as duas entidades, de tratamento radicalmente diferente, reside apenas na identificação do parasita ou de restos do mesmo no quadro de RDC (miocardite chagásica). Neste projeto pretendemos fazer uma avaliação crítica do papel da reação em cadeia da polimerase (PCR) para o DNA do T. cruzi em BEM para o diagnóstico da RDC, visando sua incorporação ao nosso arsenal de métodos diagnósticos, pela comparação de seus resultados com os métodos atualmente utilizados para a pesquisa do parasita, muito mais econômicos, quer sejam a avaliação detalhada de cortes corados pelo HE e a imunohistoquímica (IHQ). Para tanto serão examinadas BEM anteriores e posteriores à data da RDC de 10 pacientes, sendo que 5 deles apresentaram acometimento cardíaco, 3 da pele, 1 do sangue e 1 do sistema nervoso central. A presença parasitária nas BEM será analisada por três métodos, a saber: 1) visualização direta de formas amastigotas em lâminas coradas pelo HE; 2) positividade em reação de IHQ e 3) positividade em reação de PCR (serão realizados 2 testes por BEM, um com primers visando o DNA nuclear e outro com primers visando o DNA do cinetoplasto). Verificar-se-á a capacidade de cada método (HE, IHQ ou PCR) de diagnosticar a RDC e a precocidade com que cada um o realiza, quer na situação de RDC no miocárdio ou fora dele. Será verificada a eventual associação da positividade da BEM para o T. cruzi pelos diferentes métodos e o grau do processo inflamatório do miocárdio (expresso pelo grau da rejeição). Como grupo controle utilizaremos 18 BEM de 6 pacientes chagásicos transplantados cardíacos e que não apresentaram RDC na evolução. (AU)