Mãe/mulher atrás das grades: as dificuldades impostas pelo cárcere às familias monoparentais femininas

Resumo

A partir de uma pesquisa anterior intitulada "A invisibilidade da mulher encarcerada: os rebatimentos da exclusão social na vida das reclusas da Cadeia Pública Feminina de Franca" foi detectada a necessidade de se estudar mais profundamente um segmento muito presente dentro do Sistema Carcerário: a mulher responsável por uma família monoparental feminina. A entrada da mulher chefe de família no cárcere muitas vezes está relacionada à necessidade que ela tem de encontrar "meios de sobrevivência" para poder responder financeiramente pela manutenção do lar e da família, uma vez que a mulher, em muitos aspectos, é incluída de forma inferior em nossa sociedade (que ainda carrega traços patriarcais). Esta figura e sua família são mais intensa e seriamente atingidas pelas conseqüências do cárcere, uma vez que, devido à falta de políticas públicas destinadas a este segmento social, a família, ao ter sua principal provedora (social, financeira, psicológica, educacional) aprisionada, vê-se sujeita à solidariedade da rede familiar, vizinhos e amigos mais próximos. No cárcere, a reclusa é atingida por problemas relacionados à má estruturação e funcionamento do Sistema Carcerário o que resulta na superlotação, atendimento médico insuficiente, morosidade no judiciário, falta de trabalho e educação, dentre outros. Assim, este trabalho visa, por meio de uma abordagem quanti-qualitativa, identificar as conseqüências do cárcere na família monoparental feminina cuja mãe está reclusa e a existência ou não de uma rede de políticas sociais ou uma rede familiar que possa amparar a família na ausência de sua principal figura provedora.