A Igreja Emergente: juventude, contracultura e pós-modernidade no discurso religioso

Resumo

Difícil negar a significante transformação na conduta e no modo de ser dos evangélicos, na maneira de se relacionarem com a sociedade e com a cultura envolvente, principalmente ao longo das duas últimas décadas. O tradicional rigorismo puritano e o notório sectarismo de parte considerável das denominações evangélicas parece se flexibilizar, distanciando-os da forma estereotipada dos usos e costumes de santidade pentecostal. É cada vez mais frequente depararmo-nos com igrejas evangélicas voltadas a um público específico, principalmente a jovens, como os Roqueiros de Cristo ou Surfistas de Cristo. De maneira geral, interessa-me neste projeto a considerável transformação interna destes segmentos protestantes e o modo de se relacionarem com a juventude contemporânea. Especificamente, trago como problemática a relação entre formas discursivas de agentes religiosos e formas estéticas e estilos de vida denominada por jovens religiosos como contracultural. Assim, o tema desta pesquisa diz respeito às relações entre religião e juventude. Partindo de um estudo de caso de um movimento protestante autodenominado Igreja Emergente, a proposta desta pesquisa é compreender, a partir da transformação e flexibilização estético-comportamental de alguns segmentos protestantes, formas discursivas que articulam as categorias religião, juventude, pós-modernidade e contracultura, e etnografar a rede de sociabilidade proporcionada pela vivência religiosa. Minha hipótese é de que, ao articular as categorias pós-modernidade e contracultura, o discurso produzido por determinados agentes religiosos extrapola as particularidades de grupos indenitários (surfistas, punks, metaleiros), generalizando seu campo de alcance discursivo a uma transversalidade de culturas juvenis.