A posição dos advps focalizadores na hierarquia universal: um estudo cartográfico

Resumo

Embora a focalização adverbial tenha sido objeto de estudo em Sintaxe Gerativa (pelo menos) desde Chomky, 1971 (cf. Bayer, 1990, 1996; Longobardi, 1992; Zubizarreta, 1998, Kayne 1998; Krifka, 2007; Ambar, 2008; Shu, 2011; Munaro 2012), nenhuma das propostas anteriormente citadas propôs-se a estabelecer a posição que advérbios focalizadores semanticamente distintos (p.ex., só e até) ocupariam na hierarquia da oração. Com os avanços recentes do "Programa Cartográfico", essa investigação torna-se necessária por duas razões. Primeiro, em virtude do objetivo geral desse programa, que busca fornecer um mapeamento o mais detalhado possível da estrutura da oração e dos seus sintagmas principais (Cinque 2002, 2006, Cinque & Rizzi 2010; Benincà & Munaro 2011). Segundo, em função da premissa segundo a qual cada categoria sintática teria uma posição rígida e fixa nas hierarquias, conforme prevê o Pincípio do "One feature, one head" ('Um traço, um núcleo'), de Kayne (2005), que é o ponto de partida de toda pesquisa em Sintaxe Cartográfica (Cinque & Rizzi 2010). Apesar da sua abrangência, o trabalho de Cinque (1999) não contemplou os modificadores focalizadores do tipo de só, somente (e seus correspondentes nas diferentes línguas), até, até mesmo, e outras subclasses de focalizadores. Busca-se, portanto, estabelecer a posição, na estrutura oracional, de cada uma das principais classes de AdvPs focalizadores-i.e., a posição que ocupariam em relação a outros modificadores de V (p.ex. AdvPs de diferentes classes (Cinque 1999), quantificadores flutuantes (Fitzpatrick 2006), negação (Zanuttini 1997))-, bem como elucidar os tipos de movimentos que derivariam as ordens dos AdvPs focalizadores nas diferentes línguas, com especial interesse pelas línguas românicas e o inglês. O presente trabalho assume o modelo Cartográfico (Cinque & Rizzi 2010) e a teoria da atribuição do escopo de Kayne (1998).