Envolvimento do Mycobacterium leprae na modulação neurotrófica do sistema nervoso periférico

Resumo

A prevalência global de hanseníase foi de 213.000 casos no início de 2009. Desses casos novos, estima-se que 5% dos pacientes apresentem sinais de neuropatia motora ou autonômica no momento do diagnóstico e durante o tratamento. Mesmo após a cura da infecção, uma proporção substancial desses indivíduos permanecerá com incapacidades funcionais ao longo da vida. Essas seqüelas estão entre os grandes desafios da hanseníase, tanto do ponto de vista clínico, quanto científico. A neuropatia hansênica se inicia com a infecção pelo M. leprae, que apresenta tropismo pelo sistema nervoso periférico. Uma das questões em aberto no estudo da patogenia da hanseníase se refere justamente à perda da capacidade das células de Schwann em prover mediadores neurotróficos às áreas agredidas, permitindo assim a instalação de lesões praticamente irreparáveis. Os mediadores neurotróficos desempenham um papel de destaque no desenvolvimento, proteção e regeneração neural. Nesse trabalho pretende-se avaliar a interferência do M. leprae na expressão dos mediadores neurotróficos envolvidos no processo de maturação de células de Schwann e de mielinização dos nervos periféricos, empregando modelo de mielinização in vitro, baseado em co-culturas de neurônios e células de Schwann, bem como in vivo, pela inoculação de M. leprae em nervos ciáticos de camundongos nude. (AU)