Comparação da biologia e da morfologia (externa e do sistema reprodutor de machos) de Rhipicephalus sanguineus (Latreille, 1806) do Brasil e Rhipicephalus turanicus Pomerantsev, 1936 (Acari: Ixodidae) da Espanha

Resumo

Carrapatos são ectoparasitas hematófagos obrigatórios que pertencem ao filo Arthropoda, classe Arachinica, ordem Acari e subordem Ixodida. A subordem Ixodida compreende três famílias: Argasidae, Nuttalliellidae e Ixodidae. Dentro da família Ixodidae, o gênero Rhipicephalus Koch, 1844, de origem Afrotropical, compreende aproximadamente 79 espécies reconhecidas, morfologicamente semelhantes, e cuja posição taxonômica para algumas é ainda incerta. Destas, apenas o carrapato do cão, R. sanguineus "sensu strictu", é reconhecida na região Neotropical, mas sabe-se que podem existir diferenças genéticas, morfológicas e biológicas consideráveis entre populações de locais diversos desta região (BARROS-BATTESTI et al., 2006). Buscando compreender melhor o status biossistemático deste grupo, estudos de morfologia e biologia comparada entre populações de R. sanguineus do Brasil e da Argentina mostraram diferenças significantes entre as duas populações (SZABÓ et al., 2005; OLIVEIRA et al., 2005). Ademais, a comparação do DNA mitocondrial dessas duas populações mostrou estreita relação filogenética do R. sanguineus europeu (França) com o argentino, e do brasileiro com o R. turanicus da África do Sul (SZABÓ et al., 2005). Dando continuidade aos trabalhos já publicados por estes grupos de pesquisa, este projeto tem por objetivo estudar de forma comparativa a biologia e morfologia externa e interna dos carrapatos R. sanguineus do Brasil e R. turanicus da Espanha. Os resultados obtidos no desenvolvimento deste projeto, analisados conjuntamente com os dados já publicados, poderão facilitar o entendimento do status biosistemático deste gênero, bem como servir de base para a discussão de outros trabalhos, como por exemplo os de aquisição de resistência imune do cão doméstico ao R. sanguineus, em que alguns autores (BECHARA et al., 1994; SZABÓ et al., 1995a,b) sugerem que os cães não desenvolvem resistência e em contrapartida, enquanto outros sugerem o desenvolvimento de resistência (INOKUMA et al., 1997; JITTAPALAPONG et al., 2000). Ressalte-se que o status biosistemático real do R. sanguineus na América do Sul em diferentes populações do carrapato pode estar associado com diferenças no comportamento, biologia e capacidade vetorial, sendo assim, o conhecimento destas diferenças pode ser necessário para o controle de carrapatos e de doenças por eles transmitidas em diferentes regiões. (AU)