Perfil neuropsicológico de adolescentes expostos a situação de estresse emocional precoce

Resumo

A literatura sugere que a exposição a situações de estresse pode acarretar diversas alterações no desenvolvimento biológico, emocional e social dos indivíduos, especialmente na infância e adolescência, que são períodos de extrema importância para o desenvolvimento neurobiológico e das funções cognitivas. Entretanto, há uma escassez de estudos sobre o assunto na literatura mundial, especialmente os que tenham buscado integrar os diversos aspectos envolvidos na vivência do estresse. Este trabalho propõe-se a investigar o funcionamento neuropsicológico de adolescentes submetidos a situações de estresse emocional precoce (EEP), tais como maus tratos, abuso sexual, negligência e outros tipos de violência doméstica na infância e adolescência, bem como estudar as relações entre essas vivências, existência de transtornos psiquiátricos e medidas objetivas de níveis de estresse (cortisol salivar). Trinta adolescentes de 12 a 16 anos, que tenham sofrido situações de EEP, serão selecionados e submetidos a uma avaliação psiquiátrica e a uma bateria de avaliação neuropsicológica abrangente, que contemplará o mapeamento das funções de atenção, memória visual e verbal, velocidade de processamento, capacidade de aprendizagem, funções executivas e tomada de decisões. O desempenho cognitivo deste grupo será comparado ao de um grupo controle de 30 adolescentes, da mesma faixa etária, nível sócio-econômico e educacional, mas que não tenham sido submetidos a situações de EEP. Em ambos os grupos, serão realizadas entrevistas com os próprios sujeitos e familiares e/ou responsáveis legais, com a finalidade de delinear minuciosamente o histórico de cada um e a elegibilidade para o estudo. Todos os sujeitos responderão a instrumentos de avaliação quantitativa e qualitativa de situações de EEP, para que sejam analisadas as possíveis correlações entre estas vivências e as eventuais alterações cognitivas encontradas. (AU)