A atenção primária à saúde como estratégia para (re)configuração do SUS: a perspectiva de seus profissionais e usuários

Resumo

Já se tem bastante conhecimento sobre a diferença entre as expectativas postas na atenção básica e sua efetiva realização. Tal diferença, ainda pouco problematizada, é o foco principal de interesse da presente investigação, que tem como objetivo principal compreender porque a ABS, apesar de todos os investimentos, não consegue alcançar condições materiais e simbólicas para funcionar com a centralidade posta para a ela no sistema de saúde. Para tanto será desenvolvida metodologia qualitativa, do tipo estudo de casos múltiplos, para produzir um conhecimento empírico sobre ABS, a partir da perspectiva de seus atores principais: os gestores, os profissionais de saúde e os usuários. Assumindo que os atores também teorizam, produzem teoria sobre seus cotidianos, centralmente explicações sobre o mundo em que vivem e atuam, não sendo objetos passivos diante dos pesquisadores que seriam os portadores de uma "teoria" sobre a realidade social, optamos por trabalhar nesta investigação como o método cartográfico, complementado pelo método biográfico, via histórias de vida dos usuários das UBS estudadas. Serão estudados três municípios do estado de São Paulo que, a despeito de suas singularidades, têm em comum o grande investimento na expansão e qualificação de uma rede básica com potência de se tornar a porta de entrada preferencial do sistema de saúde. Todos apresentam uma rede pública de serviços de saúde consolidada, incluindo atenção básica, atenção especializada, urgência e emergência e hospitalar. Em cada cidade serão estudadas três UBS, que nos permitam observar as distintas modelagens de organização da ABS na cidade. Serão estudadas UBS consideradas como as que mais se aproximam de um funcionamento "ideal" e que sejam indicadas pelos gestores locais. (AU)