Da cultura que se planeja: a UNESCO, as políticas culturais e o pensamento social brasileiro (1966-1988)

Resumo

A proposta central da pesquisa é compreender os movimentos que fizeram com que a Unesco adotasse certa perspectiva para cultura de inspiração antropológica no seu trabalho prescritivo com as "políticas culturais", a partir da década de 1960. Com o objetivo de entender, ainda, a maneira como essas ideias acabaram sendo agenciadas em contextos nacionais e como estes também impactaram na construção desse ideário, propõe-se tomar a relação entre Brasil e Unesco como foco de estudo. Não se trata, assim, de considerar o Brasil (apenas) como uma espécie de laboratório, mas de levar em conta a maneira como um certo pensamento social brasileiro impactou a construção desse arcabouço conceptual, num movimento circular. Esse ponto ganha importância a partir da inserção de intelectuais como Josué Montello, Gilberto Freyre, Afonso Arinos de Melo Franco, Aloísio Magalhães, Celso Furtado, entre outros, em órgãos executivos estatais responsáveis pela elaboração da política cultural do país. Será necessário, deste modo, mapear as modificações nos conceitos centrais operados nesse contexto - como raça, cidadania, participação social e desenvolvimento - e também os fluxos de intelectuais que trabalharam diretamente para dar corpo a essa construção. Atravessa a investigação um interesse acerca das maneiras como certas concepções de ciência social são estabelecidas, assim como o uso que se pode fazer delas. (AU)