Novas substâncias psicoativas e drogas clássicas: uma análise do consumo e estimativa de riscos de vitimização por causas externas de mortalidade

Resumo

O Brasil apresenta uma taxa de mortalidade por causas externas de 71 óbitos a cada 100.000 habitantes, o que é considerado alto para os padrões mundiais. Essas mortes possuem diferentes fatores causais, sendo o consumo de álcool e outras drogas psicoativas um importante fator para o aumento de risco para o acontecimento de lesões com desfecho fatal. O Brasil, devido à sua dimensão continental, possui diversas realidades culturais, sociais, econômicas e sanitárias que podem impactar diretamente no padrão do consumo de drogas pela população de cada região, além dos riscos de mortalidade relacionados a este padrão. Além das drogas clássicas como cocaína, maconha e estimulantes anfetamínicos, atualmente as novas substâncias psicoativas trouxeram novos desafios para a segurança e saúde públicas. Essas drogas são substâncias sintéticas capazes de mimetizar os efeitos das drogas clássicas, porém com consequências ainda muitas vezes desconhecidas. Os casos de apreensões e intoxicações dessas substâncias têm aumentado a cada ano em território nacional. Diante disso, o objetivo do presente projeto é estudar a prevalência do uso de substâncias psicoativas em vítimas de mortes violentas e avaliar os riscos para o óbito relacionado a cada classe de substância. Propõe-se a realização de análises toxicológicas em amostras de sangue postmortem de vítimas de mortes violentas nas cidades de Belém - PA, Recife - PE, Brasília - DF, Vitória - ES e Curitiba - PR, coletadas no âmbito do Projeto Thanatus (Convênio entre Ministério da Justiça e Segurança Pública e a USP). As análises toxicológicas serão realizadas por cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas triplo quadrupolo e será verificado o consumo de cocaína, maconha, anfetaminas, ecstasy, benzodiazepínicos, heroína fentanil, cetamina e novas substâncias psicoativas (canabinoides sintéticos, feniletilaminas e catinonas sintéticas). Os achados serão comparados entre as regiões do Brasil e será feita uma análise sobre o padrão de consumo em cada região e para cada causa de morte. Risco relativo para cada tipo de óbito relacionado com cada classe de substância será verificado. Os dados obtidos através deste estudo poderão ser utilizados para subsidiar a implementação de políticas públicas específicas para cada região brasileira, além de possibilitar que a metodologia de coleta de amostras e análises toxicológicas seja utilizada para o acompanhamento da efetividade dessas ações.