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A razão probabilística. Uma controvérsia da Ilustração (Condillac, d'Alembert, Diderot)

Processo: 23/14223-3
Modalidade de apoio:Auxílio à Pesquisa - Regular
Data de Início da vigência: 01 de março de 2024
Data de Término da vigência: 28 de fevereiro de 2026
Área do conhecimento:Ciências Humanas - Filosofia - História da Filosofia
Pesquisador responsável:Pedro Paulo Garrido Pimenta
Beneficiário:Pedro Paulo Garrido Pimenta
Instituição Sede: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Universidade de São Paulo (USP). São Paulo , SP, Brasil
Pesquisadores associados:Isabel Coelho Fragelli
Bolsa(s) vinculada(s):24/22674-8 - A métrica da imaginação: variações sobre o tema da mathesis universalis na obra de Leibniz, BP.MS
Assunto(s):Demonstração  Hipótese  População  Probabilidade  Filosofia moderna 
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:conjectura | demonstração | Hipotese | Organismo | População | Probabilidade | Filosofia Moderna

Resumo

O projeto pretende reconstruir o deslocamento teórico-conceitual que, em meados do século XVIII, leva da ideia de demonstração como procedimento fiador da certeza do conhecimento empírico, à da hipótese, concebida seja num quadro de uma metafísica geral (Leibniz) seja no de uma fisiologia do entendimento (Locke). No bojo dessa discussão, surge o que Leibniz chama de "razão probabilística", detentora de uma "arte da invenção", que, em meio à multiplicidade dos fenômenos, encontra pontos de apoio a partir dos quais é possível se alçar a investigações inéditas e a conhecimentos inesperados. O exemplo clássico são as hipóteses de Copérnico, vistas no século XVIII como erradas e superadas, embora necessárias, retrospectivamente, aos desenvolvimentos da filosofia natural que culminam com Newton. Por razões que convém examinar, a aplicação do cálculo de probabilidades à física é contestada por d'Alembert, que pretende restringi-lo à "geometria douta". Essa posição deriva da observância estrita do método newtoniano - que d'Alembert se recusa a estender para além do que permite a analogia mais rigorosa. As restrições de d'Alembert não se aplicam apenas à física, mas valem, também, para a medicina, a jurisprudência e a história - em suma, para todo conhecimento empírico. Diderot se insurge contra essa limitação, e, recuperando a razão probabilística de Leibniz (sem porém acatar suas implicações metafísicas), a utiliza como instrumento da extensão dos domínios da física, que, doravante, terá de incluir também a fisiologia e a química. Esse movimento tem consequências importantes, pois, a partir dele, o filósofo concebe uma ciência nova, dedicada ao estudo dos seres vivos, à qual incumbe elucidar, em última instância, as origens fisiológicas (na razão humana como instinto da espécie) do próprio cálculo de probabilidades. Em nenhuma parte essa elucidação se dá com tanta clareza quanto na aplicação do modelo probabilístico às questões de economia política - desde a inoculação das populações até a administração do Estado, passando pelo suprimento de grãos. Essa controvérsia é um exemplar característico do deslocamento, estudado por Kenneth Baker, Ian Hacking e Lorraine Daston, entre outras, da probabilidade como procedimento matemático para a probabilidade como ideia filosófica. Examinada pela crítica, resta, no entanto, medir o alcance de suas consequências, para a instituição dos saberes positivos às vésperas da Revolução Francesa. (AU)

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