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Epicuro e as inflexões do materialismo: recepção e transformações da cosmologia atomista e da ética hedonista. Tópicos especiais: o clinamen; a física do infinito; as idéias de tempo e de bem supremo em Aristóteles e Epicuro; redescoberta e interpretações modernas do epicurismo, e Erasmo e Gassendi a Bayle e Diderot; de Hegel e Marx a Dignone e Althusser

Processo: 00/11761-2
Modalidade de apoio:Auxílio à Pesquisa - Regular
Data de Início da vigência: 01 de janeiro de 2001
Data de Término da vigência: 31 de janeiro de 2003
Área do conhecimento:Ciências Humanas - Filosofia - História da Filosofia
Pesquisador responsável:João Carlos Kfouri Quartim de Moraes
Beneficiário:João Carlos Kfouri Quartim de Moraes
Instituição Sede: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Campinas , SP, Brasil
Assunto(s):Epicurismo  Cosmologia (filosofia)  Materialismo  Liberdade  Ética 
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Atomo | Clinamen | Hedonismo | Liberdade Etica | Materialismo | Mecanismo

Resumo

Síntese original da metafísica corpuscular (os átomos ou corpos simples são o fundamento das coisas) com a ética hedonista (o prazer é o bem supremo), o materialismo de Epicuro, levando em conta as críticas de Aristóteles ao atomismo de Leucipo e de Demócrito, reelaborou a significação do infinito em ato, tanto a da infinitude numérica dos átomos quanto a de sua trajetória na vastidão ilimitada. A doutrina do clinamen, exposta por Lucrécio no De rerum natura, mas associada por uma longa tradição ao pensamento original do próprio Epicuro, longe de constituir, como procuraremos mostrar, um recurso indispensável (porque sem ele os átomos nunca se encontrariam, nem portanto formariam mundos), não somente não corresponde a nenhuma exigência de sua filosofia, como ainda introduz, desnecessariamente, uma brecha teórica (a hipótese do desvio espontâneo apela para um efeito sem causa). Entretanto, provar que a tese de Lucrécio não corresponde ao pensamento, que se propôs expor, não implica em desqualificá-la. Por ter sido largamente aceita pela posteridade, inscreveu-se na história do materialismo como uma bifurcação do epicurismo, oriunda de uma visão distinta do movimento atômico no infinito, provavelmente inspirada (em medida que convém examinar) na analogia entre a absoluta individualidade física do átomo e a plena autonomia da vontade. A reconstituição da trajetória histórica do materialismo antigo a partir do período romano e da patrística oferece a matriz de um complexo de tendências filosóficas que atravessam as polarizações doutrinárias tradicionais nos sucessivos contextos culturais em que se reativou e renovou o interesse pelo epicurismo. Desfechando o golpe final na secular agonia da polis, a conquista macedônica reduziu a política a um saber sobre o passado e a religião cívica a um ritual sem conteúdo, Não tendo mais na cidadania sua referência central, as éticas que prosperaram nas ruínas da Grécia clássica dirigiam-se, sem mediação de coletividade alguma, a todos os homens, portanto a cada um em particular. Embora radical esse deslocamento da problemática ética, conservou temas e esquemas analíticos da filosofia helênica clássica. Em particular, Epicuro, como Aristóteles, concebe a felicidade em termos de um aprendizado cujo fio condutor é a sabedoria prática: para ser feliz é preciso conduzir-se bem. Para ambos, a felicidade compreendida como resultado imanente da práxis corretamente orientada está ao alcance da sábia conduta. Centro nevrálgico da ética de Epicuro, a ... (prudência ou sabedoria prática) condiciona o bom cálculo hedonístico. (AU)

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