Resumo
Os biomarcadores são ferramentas eficazes para monitorar as consequências da introdução de contaminantes no meio ambiente, inclusive nos oceanos. Vários tipos de biomarcadores podem ser empregados para essa finalidade, incluindo os histopatológicos, comportamentais e reprodutivos. Utilizados em conjunto, eles podem dar uma visão geral do impacto que o poluente causa no organismo. Entretanto, há ainda muito a ser estudado para que eles sejam otimizados para diferentes espécies chaves que sirvam como bioindicadoras do ecossistema marinho e para padronizar metodologias de forma que os resultados obtidos por diferentes pesquisadores possam ser comparados com confiança. Alterações histopatológicas devido à exposição a contaminantes fornecem informações básicas sobre os danos que o agente tóxico pode causar na estrutura tecidual dos organismos, que podem acarretar perturbações funcionais. Os estudos de comportamento, por sua vez, são fundamentais para estabelecer a ligação entre as perturbações fisiológicas e os impactos ecológicos, uma vez que as respostas comportamentais integram desde processos celulares à sobrevivência e reprodução do organismo. Finalmente, os biomarcadores de reprodução podem fornecer indicações sobre as consequências das alterações individuais na manutenção das populações. A fertilização é um passo fundamental para o sucesso reprodutivo e contaminantes no ambiente marinho têm o potencial de afetar as condições necessárias para que esta seja bem sucedida. Os anfípodes são componentes essenciais dos ecossistemas marinhos já que ocupam vários nichos tróficos e também servem de alimento para peixes e aves, dentre outros. São, por vários motivos, bons candidatos para serem utilizados como organismos modelo para avaliar os potenciais impactos que poluentes podem causar no ambiente. Duas espécies ecologicamente importantes que estão sendo muito estudadas e empregadas em ensaios de laboratório são Parhyale hawaienses e Echinogammarus marinus. Dentre as diferentes vertentes dessa linha de pesquisa, ressalta-se, atualmente, o esforço em entender o impacto que os poluentes emergentes podem causar ao ambiente marinho, com destaque para as nanopartículas, compostos farmacêuticos e plásticos. Eles são definidos como substâncias sintéticas ou naturais que não são monitoradas, mas podem causar efeitos adversos à saúde ecológica ou humana. O conhecimento dos efeitos desses poluentes emergentes nos organismos ainda é incipiente e precisam ser melhor estudados. Pelas razões destacadas acima, os anfípodes são um bom grupo para avaliar os efeitos toxicológicos desses compostos. Os biomarcadores histopatológicos, comportamentais e reprodutivos podem abranger uma grande variedade de aspectos fisiológicos e celulares relacionados ao modo de ação dos mesmos, tanto do ponto de vista individual quanto sobre suas populações no ecossistema.
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