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Debates sobre ensino rural no Brasil e a prática pedagógica de Noêmia Saraiva de Mattos Cruz no Grupo Escolar Rural de Butantan (1932-1943)

Texto completo
Autor(es):
Ariadne Lopes Ecar
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Educação (FE/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Diana Goncalves Vidal; Rachel Duarte Abdala; Zeila de Brito Fabri Demartini; Andre Mota; Maria Angela Borges Salvadori
Orientador: Diana Goncalves Vidal
Resumo

No início do primeiro período republicano, houve no Brasil movimentos em prol da fixação do indivíduo à terra, baseando-se principalmente nas reflexões de Alberto Torres, ao mesmo tempo em que se pretendia construir a imagem do país como eminentemente agrícola. Nesse contexto, agrícola, regional e rural eram conceitos tomados como sinônimos. Nos debates empreendidos nos círculos educacionais havia discussões sobre a viabilidade da especialização das escolas, se deveria ser rural ou regional, pois havia entendimento de que ensino agrícola estaria voltado para o campo profissional. Os adeptos do ensino rural ou regional, viam a educação para o trabalho como fim das escolas primárias das zonas rurais, associada ao higienismo e ao nacionalismo, considerados como meio de desenvolvimento do país. As reformas efetuadas na década de 1920 problematizaram o regional e o rural abrindo espaço para acirradas disputas em torno do ensino mais eficaz para as escolas rurais. Em 1932 foi criada a Sociedade dos Amigos de Alberto Torres, entidade de alcance nacional, que pretendia vulgarizar o pensamento torreano, e em 1935 a Sociedade Luiz Pereira Barreto em São Paulo, com o intuito de divulgar conhecimentos de ensino, agricultura, saúde e economia doméstica às populações do interior. Em 1932, a Diretoria de Ensino do Estado de São Paulo tinha como diretor Sud Mennucci, ávido defensor do ensino rural, que convidou Noêmia Saraiva de Mattos Cruz a iniciar uma prática pedagógica rural no Grupo Escolar que funcionava dentro do Instituto Butantan, no bairro paulista homônimo. Noêmia Cruz formada pela Escola Normal da Praça da República, exerceu o magistério no Grupo Escolar de Pedreira na década de 1910. Em 1920 pediu demissão, e em 1932, voltou a exercer a profissão. Ao ingressar no Grupo Escolar de Butantan fez cursos rurais na Secretaria de Agricultura; no Instituto Biológico de Defesa Agrícola; na Diretoria de Indústria Animal; no Horto Florestal da Cantareira; na Escola Agrícola Luiz de Queiroz; no Instituto Agronômico de Campinas; e na Fazenda Experimental Santa Elisa, que lhe capacitaram a trabalhar com sericicultura; apicultura; avicultura; cunicultura; horticultura (incluindo roças e plantas de estufa); silvicultura; jardinagem; e pomicultura. Noêmia Cruz criou um Clube Agrícola no Grupo Escolar Rural de Butantan, associação de alunos que tinha por objetivo ensinar culturas rurais ludicamente, de modo a criarem vínculo com a terra. A produção do Clube Agrícola era utilizada na alimentação oferecida pela escola, o excedente era vendido e o montante empregado na assistência aos alunos. O Grupo Escolar passou a rural definitivamente pelo Decreto n. 6.047, de 19 de agosto de 1933, e recebeu nova organização pelo Decreto n. 7.268, de 02 de julho de 1935. Baseandose no ensino ativo, Noêmia Cruz articulava o programa de ensino oficial com as atividades rurais, registradas em cadernos; jornais; livros da vida; e fotografias. Sua proposta foi amplamente propagandeada pelo Brasil como modelo de ensino rural. (AU)

Processo FAPESP: 14/04238-4 - As práticas ruralistas do Grupo Escolar Rural Butantan (1930-1940)
Beneficiário:Ariadne Lopes Ecar
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado