Busca avançada
Ano de início
Entree


A interface ciência-prática em Ecologia e Conservação: um esquema conceitual e modos de pensar compartilhados entre cientistas e tomadores de decisão

Texto completo
Autor(es):
Diana Bertuol Garcia
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Instituto de Biociências (IBIOC/SB)
Data de defesa:
Membros da banca:
Renata Pardini; Thomas Michael Lewinsohn; Jean Paul Walter Metzger; Pedro Luis Bernardo da Rocha
Orientador: Renata Pardini
Resumo

A interface ciência-prática em Ecologia e Conservação: um esquema conceitual e modos de pensaDiversos debates atuais em Ecologia e Ciência da Conservação estão centrados em como navegar na interface entre ciência e prática com o objetivo de usar a ciência para apoiar soluções efetivas e viáveis para os problemas ambientais. Esta dissertação tem como objetivo geral contribuir com caminhos para navegar na interface ciência-prática ao identificar, através de uma abordagem interdisciplinar, (1) como o debate acadêmico sobre este assunto tem sido feito e (2) como a relação entre ciência e prática é percebida por cientistas e tomadores de decisão. No capítulo 1, apresento uma revisão da literatura, conduzida a partir de 1563 frases sobre as causas da lacuna ciência-prática extraídas de 122 artigos publicados em periódicos de Ecologia e Conservação da Biodiversidade. Uso técnicas de análise de texto para organizar essas causas em um esquema conceitual que descreve três perspectivas sobre os processos, conhecimentos e atores importantes na interface ciência-prática. A seguir, averiguo a predominância dessas perspectivas ao longo do tempo e em diferentes periódicos, para depois avaliar as perspectivas à luz de disciplinas que estudam o papel da ciência na tomada de decisão, como a Ciência Política. A predominância ao longo do tempo da perspectiva centrada em um fluxo unidirecional de conhecimento da ciência para a prática sugere que o debate em Ecologia e Conservação não seguiu a tendência observada em outras disciplinas na direção de perspectivas enfatizando um fluxo bidirecional e integrativo de conhecimentos entre a ciência e a prática. Em Ecologia e Conservação, a perspectiva integrativa parece estar restrita a tradições de pesquisa historicamente isoladas da Biologia da Conservação, que, por sua vez, é dominada por abordagens de \"conservação baseada em evidência\". Todas as perspectivas constatadas representam visões superficiais da tomada de decisão ao desconsiderarem limites à racionalidade humana, a complexidade da tomada de decisão, fronteiras difusas entre ciência e prática, a ambiguidade trazida pela ciência e diferentes tipos de uso de conhecimento. Por outro lado, a perspectiva integrativa que enfatiza o trabalho colaborativo entre cientistas e tomadores de decisão permite potencialmente processos de tomada de decisão mais democráticos e discussões explícitas de valores. No capítulo 2, eu me volto para cientistas e tomadores de decisão do Brasil, um país tropical em desenvolvimento com uma ciência crescente e uma rica biodiversidade, mas cujas políticas ambientais vem sofrendo diversas ameaças. A partir das três perspectivas do esquema conceitual do capítulo 1, elaborei uma lista de 48 frases descrevendo como a interface entre ciência e prática deveria ser. Usando a metodologia Q advinda da Psicologia, pedi para 22 ecólogos e analistas ambientais do IBAMA ranquearem suas concordâncias com essas frases. Uma análise de componentes principais revelou três grupos de participantes com ranqueamentos similares, apresentando, portanto, modos de pensar compartilhados sobre a interface ciência-prática. Todas as formas de pensar conferiram grande importância para atores e conhecimentos da ciência e da prática, mas houve divergência nos papéis atribuídos à ciência, aos cientistas e aos tomadores de decisão, indicando a necessidade de debater abertamente os papéis que se espera que cada ator assuma nas parcerias entre ciência e prática. Além disso, a falta de estímulo organizacional parece ser um entrave maior para essas parcerias do que diferenças culturais entre cientistas e tomadores de decisão. Na última sessão da dissertação, eu integro as conclusões dos dois capítulos, ressaltando as implicações mais importantes para uma melhor compreensão da interface ciência-prática e para o fomento de parcerias produtivas entre ciência e prática em Ecologia e Conservaçãor compartilhados entre cientistas e tomadores de decisão (AU)

Processo FAPESP: 14/26182-0 - Causas da lacuna pesquisa-prática na área ambiental: pontos de vista de pesquisadores e tomadores de decisão no Brasil
Beneficiário:Diana Bertuol Garcia
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado