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A nasalidade no português de STP

Texto completo
Autor(es):
Amanda Macedo Balduino
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Gabriel Antunes de Araujo; Ana Lívia dos Santos Agostinho; Rui Rothe Neves; Flaviane Romani Fernandes Svartman
Orientador: Gabriel Antunes de Araujo
Resumo

O objetivo deste estudo é descrever e analisar a nasalidade vocálica do português de São Tomé (PST) e do português do Príncipe (PP). O PST e o PP são variedades da língua portuguesa faladas em São Tomé e Príncipe (STP) que demonstram características linguísticas próprias e estão em uma situação cotidiana de contato linguístico com as línguas autóctones também faladas no arquipélago (GONÇALVES, 2010; CHRISTOFOLETTI, 2013; BRAGA, 2018). Considerando tais conjunturas e sabendo que as variedades de STP necessitam ainda de uma maior investigação linguística, buscamos: (i) descrever e sugerir uma análise fonológica para a nasalidade tautossilábica contrastiva no PST e no PP; (ii) investigar a presença da nasalidade heterossilábica em PST e em PP, propondo uma análise fonológica para os processos, e (iii) confrontar os mesmos fenômenos com estudos análogos sobre o português europeu (PE) e o português brasileiro (PB), e sobre o santome (ST) e o lungIe (LI), línguas nacionais. Adotando como abordagem metodológica a fonologia de laboratório (ALBANO, 2017), o corpus para análise foi constituído a partir de gravações em São Tomé e em Príncipe. No total, o conjunto de dados é formado por 1684 itens lexicais (822 para o PST e 822 para o PP). Os dados podiam conter (i) nasalidade tautossilábica contrastiva; (ii) possibilidade de nasalidade heterossilábica e (iii) nasalidade em fronteira de palavra. As palavras foram gravadas em frases-veículos como Eu falo X baixinho e Eu falo X, onde X era substituído pelo item-alvo. Por meio da contraposição dos pares, extraiu-se, através do software Praat (BOERSMA & WEENICK, 2015), a duração dos segmentos-alvo, isto é, mensuramos e contrapomos as vogais orais (V) com as vogais nasalizadas tautossilábicas (VN). A análise dos dados, baseada em critérios fonológicos segmentais e suprassegmentais, indicou que VN é, em média, 48% mais longa em relação à V no PST e 56% no PP. Assumindo o alongamento da vogal nasal como um indício da estrutura bifonêmica da nasalidade contrastiva para o PB (MORAES & WETZELS 1992), o alongamento médio identificado nas duas variedades nos remete à interpretação bifonêmica /VN/ desse processo. Assim, VN seria alongada por ser o resultado do apagamento da consoante /N/ em coda silábica segmental seguido pelo espraiamento do traço [+nasal] para a vogal antecedente na camada CV, o qual mantém a unidade temporal silábica (GOLDSMITH, 1976; CLEMENTS & KEYSER, 1983). Por fim, ao passo que o processo de nasalidade heterossilábica em átonas não foi identificado nos dados analisados, a nasalidade heterossilábica em tônicas demonstrou caráter opcional. Tal comportamento aproxima as variedades estudas ao santome e lungIe e assinala um comportamento estrutural inerente ao PST e ao PP, dermacando-as como variedades singulares, distintas do PE e do PB. Palavras-chave: Nasalidade. (AU)

Processo FAPESP: 15/25332-1 - Um estudo comparativo da nasalidade no português de São Tomé e nas línguas Lung'ie e Santomé
Beneficiário:Amanda Macedo Balduino
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado