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O riso invade a educação: uma (des)proposta para a pedagogia do cômico

Texto completo
Autor(es):
Elderson Melo de Melo
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Educação (FE/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Sandoval Nonato Gomes Santos; Márcia Rodrigues de Souza Mendonça; Rogerio Adolfo de Moura; Emerson de Pietri; Paulo Henrique Fernandes Silveira
Orientador: Sandoval Nonato Gomes Santos
Resumo

Riso forasteiro, intruso, estranho, grotesco, imprevisível, transgressor. O presente trabalho formula uma (des)proposta para a pedagogia do cômico a partir de uma investigação dos estranhamentos provenientes de uma prática artística e pedagógica cuja finalidade inicial foi a procura por um riso que invadisse a educação. Dois arquétipos de alunos tipificaram-se nesse caminho: a bela dona Baratinha e a desvirtuada velha Baobá. Dona baratinha despreza seus diferentes. É popular, séria, inteligente e, sempre, elogiada pela escola, por seguir as regras postas. Em contraponto, a feia, depravada, grotesca, ridícula e cômica velha Baobá, como tantas outras, ri à toa. Tem instintos descontrolados, entrega-se sem pudor aos acontecimentos do momento, subverte e, assim, é reprimida e excluída continuamente. Como desenvolver uma mediação do cômico sem que se privilegiem modelos exemplares ou na procura de uma seriedade, que procura belas formas e práticas determinadas? O que a estranheza e a desrazão presentes no estado da velha Baobá, comumente, execrada, podem dizer sobre o cômico? O que poderia resultar de um processo dessa natureza? Interessando-se por essas questões, este trabalho, a partir da metodologia de pesquisa-ação (BARBIER, 2007), foi realizada uma oficina de cômico teatral, com crianças e adolescentes residentes no bairro Guatupê, na região metropolitana de Curitiba-PR. Por meio do estudo dos materiais e dados provenientes da pesquisa-ação, especialmente, do diário de itinerância (idem), revelaram-se os caminhos da pesquisa como desvios tortuosos, como possibilidade de abandonar o que se intentava. A doença, a trapaça, o fracasso, a ação ética e a destruição poética apresentam-se potentes para a produção do riso, conduzindo a pesquisa para construção de cenas bizarras e risíveis como um devir pedagógico. Assumindo a análise como um olhar vesgo e embaçado para a pesquisa, aceitou-se a proposta de que respostas fixadas não deveriam ser formuladas. Jogos de má educação, jogos de atordoar, jogos de destruição foram estruturados a partir da análise dos resultados. Esses jogos são entendidos como (des)propostas em vistas à uma (des)educação, entendendo-se, também a mediação do cômico como uma aceitação do (não)saber. Assim, formas ridículas estruturaram e impulsionaram considerações finais estranhas, erradas, duvidosas, irrelevantes, incompletas, desajustadas, tortas, doentias, debilitadas, grotescas, desconexas. Debilitado, o trabalho revela que a invasão do riso na educação pode tornar-se uma visita indesejável, principalmente pelo caráter transgressor do cômico. Contudo, pode possibilitar uma imersão no novo e no desconhecido, contribuindo para o aprendizado de todos os envolvidos. (AU)

Processo FAPESP: 12/21455-3 - O riso invade a escola: a comicidade na ampliação do espaço potencial
Beneficiário:Elderson Melo de Melo
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado