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Um estudo sobre a parentalidade contemporânea e a rede de cuidados com a primeira infância

Texto completo
Autor(es):
Nathalia Teixeira Caldas Campana
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Instituto de Psicologia (IP/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Isabel Cristina Gomes; Marise Bartolozzi Bastos; Tania Mara Marques Granato; José Martins Filho; Danielly Passos de Oliveira; Marina Ferreira da Rosa Ribeiro
Orientador: Isabel Cristina Gomes
Resumo

A família nuclear sofreu mudanças ao longo das últimas décadas em sua estrutura e na maneira como se relacionam seus membros, principalmente em virtude da emancipação feminina que possibilitou que as mulheres construíssem uma carreira profissional e não se restringissem ao papel de mãe. A presente tese teve como objetivo principal compreender como a parentalidade apresenta-se em casais heterossexuais de classe média-alta com filhos de até três anos, cujos membros têm entre 30 e 40 anos de idade. Como objetivos secundários, buscou-se compreender o lugar que a escola e o pediatra ocupam junto às funções parentais e identificar a noção que os entrevistados têm acerca do cuidado oferecido às crianças. Foram entrevistados oito casais, assim como os pediatras e as coordenadoras das escolas responsáveis, respectivamente, pelos filhos dos casais participantes, e as entrevistas foram gravadas. A análise dos dados foi realizada a partir do referencial psicanalítico, com ênfase na teoria winnicottiana do amadurecimento pessoal e de estudos psicossociais e de gênero. Os resultados foram discutidos a partir de quatro categorias: 1) o cuidado materno e o cuidado parental; 2) possibilidades de cuidado: terceirização e compartilhamento; 3) o cuidar na interface com o educar: como se lida com os limites e a frustração; e 4) o parental, o conjugal e o individual. A partir desse estudo, observou-se que parecem coexistir tradição e inovação no que diz respeito à dinâmica da parentalidade, e que a apropriação da parentalidade pode ser discutida em dois âmbitos. No âmbito do casal, a parentalidade caracterizou-se por 1) maior fluidez nos papéis parentais; 2) cuidado parental igualitário, com predomínio no discurso de atribuição de maior valor à figura materna; ou 3) rompimento com o binarismo de gênero no exercício parental, com predomínio da responsabilidade pelos cuidados em um dos cônjuges. Em um segundo âmbito, considerando a parceria estabelecida entre os pais e os profissionais da saúde e da educação, estes apareceram como representantes do social que oferecem suporte e confiança ao casal, e nesse sentindo oferecem holding ao holding parental, além de aparecerem como ocupantes de um lugar de orientação (no caso dos pediatras), ou de substitutos momentâneos das funções parentais, de parceria junto aos pais e/ou de terceiros, representantes da cultura, que se interpõem entre pais e filho (no caso das escolas). Dentre as noções de cuidados encontradas nos discursos dos entrevistados, destacamos o paradoxo vivido pelos pais entre uma maior quantidade de possibilidades de caminhos de vida e diversas demandas, relacionadas à satisfação individual, à satisfação conjugal e ao exercício da parentalidade, que pode resultar em vivência de maior autenticidade, mas também em maior angústia. Destacou-se que maternidade e paternidade devem ser compreendidas em suas diferenças pela lógica da alteridade, e não pela diferença de sexo/gênero (AU)

Processo FAPESP: 15/03045-0 - Parentalidade contemporânea e rede de cuidados na primeira infância: dos estudos psicossociais à Psicanálise.
Beneficiário:Nathalia Teixeira Caldas Campana
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado