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Words and the world: a defense of lexical reference = Palavras e o mundo: uma defesa da referência lexical

Texto completo
Autor(es):
Filipe Martone
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Data de defesa:
Membros da banca:
Marco Ruffino; Eros Stefano Corazza; Ludovic Soutif; Peter Ludlow; Julio Brotero De Rizzo
Orientador: Marco Ruffino
Resumo

Esta tese defende a ideia intuitiva de que palavras se referem as coisas extralinguísticas. Mais precisamente, defendo que a referência, entendida como uma relação binária entre palavras-tipo individuais e entidades do mundo é uma relação real, genuína e objetiva. Chamemos essa tese de referencialismo lexical. Se o referencialismo lexical é verdadeiro, então palavras-tipo são dispositivos genuinamente representacionais: elas estão para, ou são sobre, as várias entidades que povoam o universo. Se palavras referem nesse sentido, então podemos usar a noção de referência como a noção central numa teoria filosófica do significado. Em outros termos, podemos explicar as principais propriedades semânticas das expressões da linguagem natural em termos de sua correspondência com entidades no mundo. Podemos, por exemplo, explicar por que sentenças possuem condições de verdade: porque palavras representam partes do mundo, quando as combinamos da maneira apropriada numa sentença, temos algo que representa o mundo como sendo de certa maneira, e essa representação é verdadeira se o mundo é como representado, e não é verdadeira caso contrário. No entanto, o referencialismo lexical vem sendo muito atacado, e junto dele a ideia de que sentenças possuem condições de verdade. O principal desafio vem do fenômeno da polissemia. Para muitos linguistas e filósofos, a polissemia é criptonita para o referencialismo lexical. A ideia é que, dado o fenômeno da polissemia, palavras não referem; por consequência, sentenças não têm condições de verdade. Mas há outro desafio importante ao referencialismo lexical. Ele surge naturalmente da ideia de que temos que explicar o significado em termos da comunicação. Muitos dos que defendem essa ideia acreditam que sentenças são as portadoras fundamentais do significado, e que o significado de palavras é derivativo. Chamemos essa tese de Prioridade da Sentença. Contudo, se a Prioridade da Sentença é verdadeira e o Argumento da Permutação, defendido por Quine, Putnam e outros é correto, então o significado de palavras é indeterminado. Portanto, a referência não pode ser uma relação real entre palavras e coisas. É talvez uma ficção útil, mas apenas uma ficção. O objetivo desta tese é defender o referencialismo lexical desses dois desafios. Ela tem duas partes principais. Na primeira, argumento que palavras polissêmicas também referem, e portanto que a polissemia não ameaça o referencialismo lexical. Para isso, argumento (i) que o problema da polissemia é superestimado; (ii) que palavras genuinamente polissêmicas têm apenas dois sentidos referenciais; (iii) que esses sentidos referenciais podem explicar os fenômenos problemáticos. Na segunda parte, discuto a Prioridade da Sentença. Argumento que ao menos algumas palavras devem ser portadoras fundamentais de significado, sob pena de não conseguirmos explicar como sentenças não usadas têm o significado que têm. Dizendo de outra forma, argumento que a Prioridade da Sentença é incompatível com o papel explanatório do princípio de composicionalidade. Uma vez que precisamos desse princípio, a Prioridade da Sentença precisa ser rejeitada. Se estou correto, então o referencialismo lexical não é tão implausível no final das contas (AU)

Processo FAPESP: 15/26344-3 - Minimalismo, Externalismo e os limites da Semântica
Beneficiário:Filipe Martone de Faria
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado