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A sociolinguística das estratégias de relativização em contextos locativos na fala paulista

Texto completo
Autor(es):
Milena Aparecida de Almeida
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Araraquara. 2022-06-06.
Instituição: Universidade Estadual Paulista (Unesp). Faculdade de Ciências e Letras. Araraquara
Data de defesa:
Orientador: Rosane de Andrade Berlinck; Stephen Levey
Resumo

No contexto dos estudos sobre relativização em português, há poucos estudos específicos sobre o contexto locativo, que investiguem a variação entre as estratégias possíveis. Por outro lado, estudos recentes identificaram um uso não locativo de onde, apontando para um processo de gramaticalização do item na fala de diferentes regiões (SOUZA, 2003; BRAGA, MANFILI, 2004; ALMEIDA, 2020). Tendo em conta esse cenário, o objetivo do presente estudo é investigar o processo de variação linguística de construções relativas no domínio de origem do pronome relativo onde, isto é, na expressão do valor locativo na fala paulista. Essa caracterização é uma primeira etapa de investigação, que nos levará, em estudo posterior, a avaliar a possível correlação entre a variação no domínio de origem e os processos de multifuncionalidade de onde. Temos como envelope de variação as estratégias de relativização do Português Brasileiro (AMARAL, 1920; MOLLICA, 1977; TARALLO, 1983; CORRÊA, 1998; BISPO, 2003; 2009) – isto é, padrão (com e sem preposição), copiadora e cortadora. Adotamos, assim, a abordagem teórico-metodológica da Teoria de Variação e Mudança Linguística (WEINREICH, LABOV, HERZOG, 2006 [1968]; LABOV, 1972) para análise do corpus construído tendo por base os bancos de dados IBORUNA, do projeto ALIP (Gonçalves, s.d) e Projeto SP2010: Amostra da fala paulistana (MENDES, 2013) contabilizando 1007 relativas. Estas estão distribuídas em: 3 dados de padrão com preposição, 35 dados de copiadora, 249 dados de cortadora e 267 dados de padrão com onde provenientes do banco de dados IBORUNA; e 10 dados de padrão com preposição, 15 dados de copiadora, 128 dados de padrão com onde e 300 dados de cortadora provenientes do banco de dados Projeto SP2010. Por conta da baixa frequência em nosso corpus, as estratégias padrão com preposição e copiadora receberam um tratamento qualitativo, enquanto uma análise quantitativa foi produzida para compreender o comportamento das estratégias padrão com onde e cortadora. Os fatores linguísticos que norteiam a pesquisa são: função sintática do pronome relativo; distância entre o SN e a oração relativa; classificação da relativa; identidade e tipo do locativo; definitude, especificidade e status informacional do SN antecedente. Os fatores extralinguísticos controlados são: sexo/gênero, escolaridade e faixa etária do falante (presentes nos dois bancos); tipologia textual (presente no IBORUNA); região e zona de residência do falante em São Paulo e roteiro da entrevista (presentes no SP2010). Em nossa análise, averiguamos, por meio de uma regressão logística de efeitos mistos, que há um desfavorecimento do uso da padrão com onde para falantes da primeira faixa etária, com níveis de escolaridade mais baixos e quando o antecedente se refere a um local, para o banco de dados IBORUNA, e um desfavorecimento do uso da padrão com onde para falantes da segunda e terceira faixa etária com ensino médio, moradores da região centro velho e em contextos indefinidos, para o banco de dados Projeto SP2010. Concluímos que a descrição desse contexto específico de relativização revela padrões diferentes em relação às tendências gerais (de predomínio de estratégias não padrão), já que a padrão com onde está ainda bem presente. Além disso, as variáveis sociais se mostraram muito significativas na explicação da variação, algo que contribui com uma discussão dentro do modelo teórico sobre o papel dessas variáveis em fenômenos morfológicos e sintáticos, somando-se a alguns estudos que mostram que pode, sim, haver influência desses aspectos em níveis mais altos. Ou seja, que é possível falar em variáveis sociolinguísticas (propriamente ditas) nesses níveis. Por fim, considerando que a relativização é um mecanismo presente em muitas línguas, para o qual se busca identificar princípios gerais, o estudo pode contribuir para essa discussão em âmbito interlinguístico (AU)

Processo FAPESP: 20/00593-5 - A sociolinguística das estratégias de relativização em contextos locativos na fala paulista
Beneficiário:Milena Aparecida de Almeida
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado