Repensando o setor de transporte brasileiro: lições históricas aprendidas e caminhos de suporte para a transição energética.

Autor(es)

Luis Guilherme Larizzatti Zacharias

• Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
• Imprenta: São Paulo.
• Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE/BT)
• Data de defesa: 2022-08-12

Membros da banca

Drielli Peyerl; Adriana Marotti de Mello; Flávia Luciane Consoni de Mello; Evandro Mateus Moretto

• Orientador: Drielli Peyerl

Resumo

O setor de transportes é o maior consumidor de energia do Brasil e é responsável por grande parte das emissões brasileiras de gases de efeito estufa e poluição do ar. Portanto, o Brasil deve estabelecer estratégias e caminhos para uma transição de baixo carbono. Nesse contexto, o objetivo central desta pesquisa é contribuir com uma análise histórica do sistema de transportes e combustíveis diante dos problemas abordados acima, buscando compreender como ocorreu a dinâmica das transições de combustíveis na história do Brasil A primeira abrange uma abordagem histórica dos acontecimentos e fatos que marcaram a evolução do transporte no Brasil. A segunda aborda uma análise técnico-econômica da evolução da tecnologia veicular a gás natural em dois estados brasileiros. Ambas as perspectivas se baseiam em três aspectos essenciais para a prosperidade de uma transição energética: tecnologia, combustível doméstico e infraestrutura. Esta pesquisa busca responder à seguinte questão geral de pesquisa: \"O que podemos aprender com a história do setor de transporte brasileiro, repensando novos caminhos para uma transição energética de baixo carbono?\" Este trabalho está dividido em dois artigos. O primeiro artigo busca rever a história do setor de transportes brasileiro, identificando os eventos que marcaram a evolução do setor nos campos de tecnologia, combustível nacional e infraestrutura. O segundo artigo tem como objetivo analisar a adoção e desenvolvimento de veículos movidos a gás natural em nível estadual (Rio de Janeiro e São Paulo) por meio de sete parâmetros de desempenho para adoção de veículos. Como resultado do primeiro artigo, algumas lições podem ser aprendidas: (i) a formação do setor de transporte brasileiro é marcada principalmente pela aliança entre a burguesia, o governo e empresas estrangeiras; (ii) a disponibilidade de recursos naturais (cana-de-açúcar) e a pressão do setor açucareiro foram determinantes para a evolução e inovação do setor de transportes ao longo da história; (iii) a dependência de combustíveis importados e tecnologia estrangeira e a industrialização tardia e descoberta de petróleo determinaram a evolução do setor; (iv) a predominância das rodovias sobre os demais modais ocorreu com a construção da percepção pública do modernismo dos automóveis e foi pressionada pelos investimentos estrangeiros na formação de um mercado consumidor de automóveis. Como resultado do segundo trabalho, verificou-se que os incentivos do mercado estadual são fundamentais para o desenvolvimento contínuo de combustíveis alternativos como o gás natural aos combustíveis líquidos já estabelecidos no país. No Rio de Janeiro, as vantagens obtidas por meio de incentivos fiscais ao gás natural comprimido e IPTU são fundamentais para diminuir o tempo de retorno e fortalecer o preço do gás natural. Por outro lado, no estado de São Paulo, o menor imposto estadual sobre o valor agregado do etanol hidratado e, consequentemente, a menor diferença de preço entre os combustíveis dificulta o desenvolvimento do mercado de gás natural comprimido. Por fim, são discutidos os resultados extraídos dos dois artigos, resumindo as principais lições que podem ser aprendidas e prospectadas no setor de transportes brasileiro para uma transição mais sustentável e de baixo carbono. (AU)

• Processo FAPESP: 20/02546-4 - O papel da Avaliação Ambiental Estratégica para a transição energética no Brasil
• Beneficiário: Luis Guilherme Larizzatti Zacharias
• Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado