Busca avançada
Ano de início
Entree


Testemunhos autobiográficos no Brasil e na Áustria: uma análise contrastiva de discursos

Texto completo
Autor(es):
Yuri Andrei Batista Santos
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Chantal Claudel; Margaret Bento; Sheila Vieira de Camargo Grillo; Patricia von Münchow; André Luiz Mitidieri Pereira
Orientador: Sheila Vieira de Camargo Grillo
Resumo

A presente tese compara autobiografias de testemunho que representam experiências de trauma histórico nas culturas brasileira e austríaca. Partimos do gênero discursivo autobiografia de testemunho como elemento invariável de comparação que permite a aproximação das representações sociais e dos discursos nas respectivas culturas discursivas (von Münchow, 2021). Nosso objetivo central é descrever como o discurso autobiográfico de testemunho representa o trauma histórico e interrelaciona as dimensões individual, familiar e coletiva na sua construção discursiva. Com base no problemático trabalho de memória acerca dos eventos da ditadura civil militar (Teles e Quinalha, 2020) e da Segunda Guerra Mundial (Wodak et al, 1990), observamos como os quadros político-sociais das respectivas culturas são constituídos pelos discursos extremistas que respaldaram o contexto de repressão, autoritarismo e violência. Notamos, portanto, uma expressiva recorrência de escritas de vida que transitam entre formas tradicionais e mais híbridas, seguindo a função ético-moral que constitui o discurso literário. Nossa metodologia parte do diálogo entre a teoria dialógica do discurso (Brait, 2006) e a análise de discursos contrastiva (von Münchow, 2021). Comparamos, então, as construções discursivas das seguintes autobiografias: no subcorpus brasileiro, Ainda estou aqui (2014), Volto semana que vem (2014) e Em nome dos pais (2017), dos autores Marcelo Rubens Paiva, Maria Pilla e Matheus Leitão; e no subcorpus austríaco, Die Welt von Gestern (1942) e weiter leben (1992), dos autores Stefan Zweig e Ruth Klüger. As análises se concentram em três níveis: i) os cronotopos, ii) os gêneros intercalados e iii) a transmissão do discurso alheio. O testemunho autobiográfico no subcorpus brasileiro é constituído por uma variedade de gêneros e pontos de vistas alheios que acentuam a dimensão fatual do relato e cumprem uma função denunciatória, dadas as condições da fase de memória em que as obras são produzidas. O testemunho no subcorpus austríaco, proveniente de uma tradição testemunhal-autobiográfica mais consolidada, fazem referência aos fatos pela perspectiva individual, utilizando gêneros e discursos alheios de forma a apenas ilustrar a posição analítica dominante do discurso autoral. Enquanto o subcorpus brasileiro busca maior aproximação com o contexto primário em que os fatos ocorreram, o subcorpus austríaco marca mais expressivamente a ressignificação do trauma e o presente em que o relato é produzido. (AU)

Processo FAPESP: 19/02188-3 - A autobiografia em contrastes discursivos: memórias, discursos e diálogos
Beneficiário:Yuri Andrei Batista Santos
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado