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Há crédito por toda parte: as disputas pelas políticas de crédito ao consumo popular no Brasil e em perspectiva comparada

Texto completo
Autor(es):
Mariana Falcão Chaise
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Marta Teresa da Silva Arretche; Celso Fernando Rocha de Barros; Olivier Dabène; Andre Vitor Singer
Orientador: Marta Teresa da Silva Arretche
Resumo

Esta tese debate \"políticas de crédito ao consumo\", ou seja: políticas para a dotação de empréstimos sem qualquer direcionamento. O foco estará na análise das controvérsias em torno da formulação e da proposição dessas políticas, que se multiplicaram a partir dos anos 1990 em diversos contextos nacionais. A literatura, no entanto, exibe controvérsias teóricas quanto aos motivos para adotá-las, assim como divergências empíricas quanto aos seus efeitos preponderantes, em especial sobre os mais vulneráveis; fundamentalmente, estabelece uma relação entre as políticas creditícias e as preferências de grupos e de governos conservadores. Não obstante, políticas de crédito ao consumo foram adotadas, em grande volume e relevância, pelo governo Lula no Brasil. Essa tese irá argumentar que - mesmo quando inseridas em uma mesma nomenclatura - políticas públicas apresentam distintas trajetórias, pois envolvem diferentes coalizões de atores engajados em sua promoção, exibindo diversidade de desenhos possíveis. Argumentará ainda que a definição das coalizões sociais que participam da formulação das políticas é função da ideologia dos governos. Para lograr seus objetivos, a pesquisa mapeia os diferentes atores que estiveram engajados na elaboração das políticas de crédito ao consumo brasileiras, destacando as suas disputas, as justificativas utilizadas em apoio às políticas e o tipo de problemas que cada grupo julgava estar sendo solucionado. Na sequência, contrasta o desenho das políticas implementadas no Brasil por um governo de centro-esquerda ao desenho das políticas de mesma natureza implementadas no México por um governo de direita durante o mesmo período temporal em busca de uma lógica de causalidade entre o formato da política adotada e o partido no poder. A partir de um ferramental metodológico misto, baseado em análise documental, análise de opinião pública, estatística descritiva e entrevistas conduzidas em profundidade, demonstrará que atores ideologicamente distintos defenderam a adoção das políticas de crédito ao consumo no Brasil a partir de objetivos e de contextos particulares, enquadrando-as em diferentes arranjos de políticas públicas. A partir da comparação entre o Brasil e o México, que as políticas implementadas em cada país diferiram em seu formato em decorrência da participação dos sindicatos no primeiro caso e de organizações internacionais no segundo. Assim, a relação estabelecida entre as preferências dos conservadores e a adoção de políticas de crédito abarca o caso mexicano, onde essas políticas de fato sofreram oposição organizada das esquerdas. Já no caso brasileiro, onde as preferências de coalizões de trabalhadores e trabalhadoras foram impressas nas políticas por ação do governo Lula, a literatura equivoca-se na exploração dos objetivos das políticas creditícias e é unidimensional quanto aos motivos que levam à sua adoção, de modo que o paradoxo que levanta prova-se inadequado (AU)

Processo FAPESP: 19/15010-8 - Crédito e desigualdade: a política creditícia na agenda Latino-Americana
Beneficiário:Mariana Falcão Chaise
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado