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Variação geográfica, estrutura populacional, discriminação comportamental e taxonomia das chocas mais politípicas (Aves, Thamnophilidae)

Texto completo
Autor(es):
Rafael Dantas Lima
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Instituto de Biociências (IBIOC/SB)
Data de defesa:
Membros da banca:
Luis Fábio Silveira; Vítor de Queiroz Piacentini; Glaucia Cristina Del Rio
Orientador: Luis Fábio Silveira
Resumo

Táxons no nível de espécie e subespécie são fundamentais para muitas pesquisas na biologia, de modo que uma taxonomia precisa é crucial para várias disciplinas biológicas. Muitos táxons existentes, entretanto, foram descritos antes do estabelecimento dos critérios atualmente aceitos para o seu reconhecimento, ressaltando assim a necessidade da revisão taxonômica. A família Thamnophilidae tem passado por considerável progresso taxonômico, impulsionado em grande parte por um entendimento refinado sobre os caracteres que melhor indicam divergência de linhagens e isolamento reprodutivo. Apesar destes avanços, ainda existem muitos táxons de thamnofilídeos que não foram revistos à luz deste entendimento refinado sobre a diversificação da família Thamnophilidae. A choquinha-lisa (Dysithamnus mentalis) e a choca-da-mata (Thamnophilus caerulescens) destacam-se como excelentes candidatos à revisão taxonômica. Ambos apresentam uma quantidade impressionante de variação geográfica na plumagem, que se reflete em respectivamente dezoito e doze subespécies descritas. Ambos foram historicamente tratados como compreendendo uma ou várias espécies, e atualmente não se sabe até que ponto suas populações diferenciadas existem como agrupamentos nitidamente separados ou contínuos de variação que foram categorizados arbitrariamente. Apesar da reconhecida importância do isolamento pré-zigótico mediado por divergência em vocalizações e do isolamento pós-zigótico na especiação dos thamnofilídeos, faltam caracterizações abrangentes da variação vocal e da estrutura genética em toda a distribuição geográfica da choquinha-lisa e da choca-da-mata. Aqui, eu integrei dados morfológicos, vocais e genômicos para caracterizar a variação geográfica e a estrutura genética populacional da choquinha-lisa e da choca-da-mata. Em D. mentalis, eu identifiquei 1214 populações fenotipicamente distintas que formam seis agrupamentos genômicos nucleares. Em contraste com seu fenótipo e genoma nuclear geograficamente estruturados, o complexo D. mentalis não apresenta estruturação geográfica de haplótipos mitocondriais. A minha análise também revelou várias zonas híbridas e sugere que o isolamento reprodutivo pré-zigótico é no geral fraco ou inexistente entre a maioria das linhagens, apoiando assim em grande medida a classificação do complexo como uma única espécie biológica. Em T. caerulescens, eu encontrei nove populações fenotipicamente distintas, incluindo sete táxons previamente reconhecidos e dois descritos aqui. Meus resultados estabelecem que uma linhagem do complexo, T. c. cearensis, é substancialmente isolada reprodutivamente de todas as outras e, portanto, é melhor tratada como uma espécie biológica separada. As demais populações do complexo mostraram baixos níveis de isolamento reprodutivo e são, portanto, mantidas como membros de uma única espécie. Algumas apresentam níveis substanciais de divergência genética que pode justificar o reconhecimento como espécies separadas após uma investigação mais aprofundada das zonas de contato aqui identificadas. No geral, meus resultados avançam significativamente a nossa compreensão da variação geográfica e estrutura populacional dos complexos D. mentalis e T. caerulescens e fornecem novas hipóteses para a ciência a jusante. (AU)

Processo FAPESP: 21/10339-1 - Taxonomia integrativa de dois tamnofilídeos altamente politípicos (Aves: Thamnophilidae)
Beneficiário:Rafael Dantas Lima
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado