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Sistemas participativos de garantia: da epistemologia agroecológica latino-americana à agroecologização dos assentamentos rurais

Texto completo
Autor(es):
Tayrine Parreira Brito
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Faculdade de Engenharia Agrícola
Data de defesa:
Membros da banca:
Vanilde Ferreira de Souza Esquerdo; Helda Eleonora de Guadalupe Morales; Aloísia Rodrigues Hirata; Fernando Silveira Franco; Ricardo Serra Borsatto
Orientador: Vanilde Ferreira de Souza Esquerdo
Resumo

A agroecologia, em sua tríade de ciência, movimento e prática, tem sido apontada como um caminho viável para responder à urgente necessidade de transformação dos sistemas agroalimentares. Dentro desse contexto, o Sistema Participativo de Garantia (SPG), concebido e proposto pelos movimentos latino-americanos de agroecologia, tem sido considerado uma estratégia eficaz para promover e resgatar os princípios agroecológicos em suas diversas dimensões. O principal objetivo desta pesquisa é analisar se o SPG contribui para o avanço da agroecologia nos assentamentos rurais, especialmente no que se refere à sua influência sobre os processos de transição e territorialização agroecológica. Os assentamentos rurais no Brasil são importantes símbolos de justiça social e desempenham um papel fundamental na redução das desigualdades no campo. É crucial que a base produtiva desses assentamentos seja sustentável, garantindo segurança alimentar e rendimentos justos para as famílias assentadas. A partir desse cenário, nossa questão de pesquisa buscou explorar se o SPG, com suas bases ontológicas e epistemológicas, pode ser considerado um instrumento de expansão da agroecologia e um catalisador da transição agroecológica nos assentamentos rurais. Tal transição abrange cinco níveis, desde a substituição de insumos até a transformação dos sistemas alimentares e a territorialização em três dimensões: vertical, horizontal e profunda. Nosso estudo contemplou cinco assentamentos no estado de São Paulo, com unidades produtivas que participam do SPG. Utilizamos uma abordagem qualitativa, empregando pesquisa documental, entrevistas semiestruturadas e observação participante. Os resultados mostram que o SPG, enquanto metodologia, se fundamenta em um conjunto de regras e procedimentos baseados em princípios ontológicos e epistemológicos profundamente ancorados no pensamento agroecológico latino-americano. Esses princípios refletem tanto categorias centrais desse pensamento, como o diálogo de saberes e a autodeterminação dos povos, quanto conceitos do pensamento crítico, como a resistência ao neocolonialismo e a participação ativa. Além disso, identificamos que o pensamento agroecológico latino-americano permeia as discussões nos fóruns de SPG, com destaque para a valorização do trabalho das mulheres e a evolução contínua da concepção agroecológica, alinhada às definições dos movimentos sociais do campo na América Latina. Termos como bem-viver, soberania alimentar e transformação social são mobilizados nesses espaços. Concluímos que o SPG contribui para a territorialização da agroecologia ao fortalecer redes locais, promover práticas baseadas no diálogo de saberes e fomentar a cooperação comunitária. Ele facilita a troca de conhecimentos entre agricultores, reforça a coesão social e o senso de pertencimento, além de estimular a recampesinização e a autonomia produtiva. O SPG também impulsiona a difusão de práticas sustentáveis e promove a articulação entre diferentes atores do território, fortalecendo instituições locais e ampliando mercados para os produtos agroecológicos (AU)

Processo FAPESP: 20/05300-6 - Limites, desafios e potencialidades do Sistema Participativo de Garantia (SPG) em assentamentos rurais do Estado de São Paulo
Beneficiário:Tayrine Parreira Brito
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado