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Instrumentalização do conceito de natureza: da preservação do patrimônio natural aos usos mercadológicos da Serra da Cantareira

Texto completo
Autor(es):
Vitória Eichenberger
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Geociências
Data de defesa:
Membros da banca:
Maria Tereza Duarte Paes; Sidnei Raimundo; Wendel Henrique Baumgartner
Orientador: Maria Tereza Duarte Paes
Resumo

A presente dissertação se vale da hipótese de que, tendo em vista polos extremos de significação vinculados ao conceito de natureza – desde a sua idealização até a sua racionalização instrumental – significados que se pretende a qualquer uso são mobilizados por distintos atores e através de distintas intencionalidades. Partindo da diversidade de significados, buscou-se identificar concepções de natureza mobilizadas para a preservação e para os usos mercadológicos sobre essas áreas, assim como as consequências espaciais e territoriais geradas. As análises têm como foco as políticas de patrimônio natural adotadas pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), tendo como recorte espacial para as análises propostas a área tombada da Reserva Estadual da Cantareira e Horto Florestal (Processo n° 20536/78), com os objetivos principais de identificar as ações institucionais e proposições conceituais para a patrimonialização da natureza no estado de São Paulo, bem como o de analisar as pressões e contradições socioespaciais inerentes a esta área protegida, principalmente através das áreas segregadas e autossegregadas. No que diz respeito às políticas de patrimônio natural, verificou-se que, se por um lado, a política adotada pelo Conselho ao longo da década de 1980 representou avanços conceituais e tombamentos significativos, por outro, a partir de meados da década de 1990, a política passa por um processo de desregulamentação até o ajuste do patrimônio em função de interesses econômicos e políticos. Não obstante, o estudo de caso abordado exemplifica este contexto mais geral, onde, através de análises documentais e entrevistas, verificou-se tais posturas mencionadas em distintos períodos, desde o seu processo de tombamento, passando pelos novos processos de solicitações e intervenções, até de arquivamentos. Quanto aos usos mercadológicos, foram especificamente analisados os discursos, imaginários e desejos presentes em anúncios de condomínios e loteamentos fechados na região, associando seus empreendimentos a ideias de natureza como local de refúgio, providas de qualidade de vida e "ar puro", e distantes do caos das cidades. Neste caso, alimentam e influenciam a psicoesfera e a tecnoesfera de uma maneira voltada a populações específicas, que segregam e hostilizam grupos distintos, embora vivam muito próximos a eles. Ainda com uma atuação incipiente sobre o território, verificou-se que a concessão em área de uso público do Parque Estadual da Cantareira iniciado em 2022 se utiliza de ideias semelhantes, e propala benfeitorias ainda não postas plenamente em prática, e que tendem a reproduzir contradições socioespaciais e ambientais também no interior da área protegida (AU)

Processo FAPESP: 21/03664-3 - Patrimônio Natural e Paisagem: as áreas críticas da Região Metropolitana de São Paulo
Beneficiário:Vitória Eichenberger
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado