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Um estudo sobre o comercio exterior de bens de capital e algumas de suas relações com o desenvolvimento do ramo industrial no Brasil (1974-1989)

Texto completo
Autor(es):
Uallace Moreira Lima
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Economia
Data de defesa:
Membros da banca:
Pedro Paulo Zahluth Bastos; Fernando Sarti; Renato Perim Colistete
Orientador: Pedro Paulo Zahluth Bastos
Resumo

Nas décadas de 1980 e 1990, narrativas liberais sobre o desenvolvimento econômico brasileiro desde a década de 1930 procuraram compará-lo, em conjunto com demais países latino-americanos, ao modelo de desenvolvimento aberto ao comércio exterior do Leste e Sudeste Asiático. Segundo a interpretação liberal, o modelo de proteção do mercado interno para substituir importações teria levado as empresas brasileiras a um desenvolvimento tecnológico precário e à incapacidade de exportar produtos manufaturados em larga escala. Esta dissertação seleciona o ramo industrial tipicamente mais intensivo em tecnologia, o ramo de bens de capital, e procura analisar o comércio exterior setorial para avaliar historicamente a validade da interpretação liberal no período 1974-1989. À luz da investigação histórica e de um balanço de teorias liberais e não-liberais sobre a relação entre desenvolvimento econômico e comércio exterior, a dissertação mostra que, na década de 1970, havia uma expansão simultânea do mercado interno e das exportações de bens de capital, que foi interrompida pela crise macroeconômica da década de 1980. Esta expansão simultânea refuta a distinção liberal entre modelo de substituição de importações e modelo de substituição de exportações, e é explicada pelo processo cumulativo de aquisição de economias de escala e aprendizado que acompanha o desenvolvimento de ramos industriais emergentes em economias com crescimento acelerado do mercado interno, ampliando abruptamente também sua competitividade externa. Na década de 1980, a tendência de crescimento baixo e instável provocada pela crise da dívida externa determinou uma nítida desvantagem do ramo de bens de capital em relação aos demais ramos industriais: como eles reduziram investimentos depois da crise, a recuperação de sua demanda em razão de surtos de consumo interno e/ou exportações mal se traduzia em recuperação do setor de bens de capital. Assim, enquanto vários ramos industriais foram capazes de aproveitar incentivos de política econômica e a alta rentabilidade no mercado interno protegido, para ofertar preços competitivos no mercado externo e sustentar a ampliação de exportações, o setor de bens de capital (particularmente o ramo de máquinas e equipamentos) não pôde fazê-lo com o mesmo êxito. Ele sofreu tanto a queda de demanda oriunda dos investimentos privados, quanto particularmente a redução brusca do investimento das empresas estatais, sendo incapaz de compensar a perda de receita interna com aumento de exportações, nem apoiar o drive exportador em receitas internas. Esta evidência histórica sustenta a conclusão de que, em vista da necessidade de apoiar a competitividade internacional em um processo cumulativo de exploração de economias de escala e aprendizado, o dinamismo do mercado interno tende a ser condição e não óbice para um comércio exportador vibrante, na indústria em geral, mas particularmente no setor de bens de capital. Ao contrário do proposto por teorias liberais, não foi a expansão acelerada de um mercado interno protegido, mas o fim desta expansão acelerada, que limitou a expansão das exportações nos ramos tecnologicamente mais dinâmicos e a continuidade da melhoria da pauta exportadora nacional. (AU)

Processo FAPESP: 06/54014-9 - Um estudo sobre o comercio exterior de bens de capital e algumas de suas relacoes com o desenvolvimento do ramo industrial no brasil (1974-1989).
Beneficiário:Uallace Moreira Lima
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado