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O moinho satânico do agronegócio canavieiro no Brasil: dependência e superexploração do trabalho na região de Ribeirão Preto-SP

Texto completo
Autor(es):
Adriano Pereira Santos
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Data de defesa:
Membros da banca:
Ricardo Antunes; Maria Orlanda Pinassi; Maria Aparecida de Moraes Silva; Vera Lucia Navarro
Orientador: Ricardo Antunes
Resumo

O objeto de análise do presente trabalho é a expansão do agronegócio canavieiro no Brasil que surgiu como parte de um novo padrão de acumulação do capital, com as novas perspectivas de crescimento decorrentes de um conjunto de fatores, dentre os quais se destacam: o aparecimento dos carros flex-fuel; o alto preço e escassez do petróleo; as exigências dos protocolos e acordos ambientais em reduzir a emissão de CO2 na atmosfera; e as novas demandas dos países por combustíveis limpos e renováveis. Essa conjuntura favorável não desencadeou apenas a expansão recente do agronegócio canavieiro no Brasil, mas também engendrou a sua reestruturação produtiva, o que o colocou numa posição de destaque no cenário econômico nacional e internacional. Assim, o setor passou a ser defendido como um modelo sustentável de desenvolvimento econômico, tanto porque se modernizou e desenvolveu novas tecnologias geradoras de energia limpa e renovável, como também, porque vem ocupando a liderança nos índices das exportações brasileiras nos últimos anos. Todavia, o seu desenvolvimento é contraditório. Pois, ao mesmo tempo em que ele opera formas moderníssimas de produção, baseadas na automação industrial e na engenharia genética, verifica-se a presença de formas degradantes e condições precárias de trabalho, bem como a destruição ambiental, provocadas por formas deletérias de exploração dos recursos naturais. Ademais, é possível perceber que o agronegócio, ao se estruturar no latifúndio, na monocultura e na superexploração do trabalho, reproduz elementos que caracterizam uma economia de tipo colonial, considerada atrasada e subdesenvolvida. O objetivo dessa pesquisa é investigar e apreender as condições e relações de trabalho dos cortadores de cana, as características do agronegócio e seus dilemas e contradições na região Ribeirão Preto-SP. Por meio de uma ampla análise de dados e informações coletadas, e pesquisa empírica qualitativa direta, buscou-se apreender os dilemas e contradições atuais do modelo de desenvolvimento do agronegócio canavieiro. Segundo nossos estudos, a atual expansão do setor no Brasil, instaurou novas formas de exploração e controle sobre a força de trabalho, o que garantiu, por um lado, uma maior acumulação, especialmente do capital estrangeiro, que invadiu o setor, com a mundialização do capital, mas, por outro, ao intensificar a exploração e degradar as condições de trabalho, trouxe com ela a morte e o adoecimento dos trabalhadores. Isso nos permite dizer que, em nome da lógica destrutiva da expansão e acumulação incessante do capital, o agronegócio opera como um "moinho satânico" que tritura e corrói não apenas as condições de vida e trabalho, mas o corpo e a physis do trabalhador. Portanto, concluímos que a partir da superexploração do trabalho, o Brasil ocupa atualmente, no mercado internacional, uma posição subordinada e dependente como um dos maiores produtores de agrocombustíveis e commodities do mundo, reproduzindo assim, por meio da presença do capital estrangeiro, as ?estruturas históricas da dependência? de um regime de exploração neocolonial. Por essa razão o agronegócio canavieiro não pode ser defendido como modelo de desenvolvimento econômico (AU)

Processo FAPESP: 09/52366-3 - O moinho satanico do agronegocio canavieiro no brasil: dependencia e superexploracao do trabalho na regiao de ribeirao preto - sp
Beneficiário:Adriano Pereira Santos
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado