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A integração economica da Amazonia (1930-1980)

Texto completo
Autor(es):
Thomas Henrique de Toledo Stella
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Economia
Data de defesa:
Membros da banca:
Wilson Cano; Claudio Schuller Maciel; David Ferreira Carvalho
Orientador: Wilson Cano
Resumo

A integração da Amazônia na economia nacional teve inicio apenas quando a região reorientou sua base primário-exportadora do mercado externo para o mercado interno nacional na década de 1930. No entanto, sua economia fundamentalmente extrativa e agrícola tem origens muito mais antigas, que remetem ao início da colonização portuguesa a partir de 1616. Apesar da experiência extrativa, a região só integrou-se comercialmente com a metrópole com as políticas mercantilistas de "valorização econômica", adotadas a partir de 1750. A abertura dos portos em 1808 estimulou a região a integrar-se na periferia do mercado internacional. Com o crescimento da demanda pela borracha amazônica depois de 1850, especialmente com o uso industrial do processo de vulcanização nos centros capitalistas, o produto ascendeu nas exportações, chegando ao apogeu entre 1910-1912. O que se seguiu foi a decadência que expôs as contradições desse do modelo primário-exportador. Durante o período Colonial, Império e Primeira República, a Amazônia permaneceu praticamente isolada de articulações comerciais com outras regiões do Brasil, voltada quase exclusivamente ao exterior. A crise de "1929" abalou o modelo primário-exportador no país, que mudou seu padrão de acumulação para um novo, industrializante e integrador do mercado interno. Com as transformações econômicas a partir de 1930, o mercado nacional passou a absorver produtos tradicionais da Amazônia como a borracha e a castanha, e tornou-se o destino de novos como as fibras duras de juta, malva e guaxima. O Estado aumentou sua presença na região, alocou recursos na Constituição de 1946, e apresentou um Plano de Valorização Econômica em 1953. Na segunda metade da década de 1950, começaram a implantar as políticas de desenvolvimento regional, responsáveis pela construção de rodovias, conectando a Amazônia Oriental e Ocidental à Brasília. Enquanto a industrialização prosseguia no centro, a região passava a ser vista como fronteira econômica em expansão. Cresciam os interesses do capital nacional e estrangeiro pelas matérias-primas e terras amazônicas. A preocupação da Ditadura Militar (1964-1985) em integrá-la levou à reformulação da estratégia de planejamento. A "Operação Amazônia" em 1966 constituiu um grande pacote e incentivos fiscais articulado em um sistema de planejamento regional, com aporte de investimentos públicos nos setores agropecuários e minerais. A implantação efetiva da Zona Franca de Manaus, a partir de 1967, introduziu uma produção industrial, fazendo com que a Amazônia começasse a deixar de ser quase que exclusivamente produtora primária. Na década de 1970, a economia brasileira cresceu significativamente, e a região passou por transformações estruturais, resultantes de fortes investimentos públicos e privados. Os principais condicionantes foram a maturação dos investimentos industriais na ZFM, implantação dos planos econômicos voltados à infra-estrutura, abertura de estradas, colonização, e pólos agropecuários e minerais. No final do período 1970-1980, a Amazônia já se encontrava mais integrada comercial, física e produtiva ao país, e também voltava a exportar em grande escala, especialmente minérios. A integração econômica da Amazônia entre 1930 e 1980 teve como resultado a transformação da estrutura produtiva da região, a implantação de um capitalismo selvagem e predatório, com precárias relações de produção convivendo com novas. Esse processo, conduzido em grande parte pelo Estado, demonstrou equívocos que devem servir como exemplo para uma forma sustentável de desenvolvimento da região. (AU)

Processo FAPESP: 06/53715-3 - Regiao norte: macroeconomia e integracao nacional.
Beneficiário:Thomas Henrique de Toledo Stella
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado