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Mudança de vento: a migração do Brasil para Portugal no fim do século XX e início do século XXI

Texto completo
Autor(es):
Aline Lima Santos
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Rosa Ester Rossini; Andre Roberto Martin; Maria Beatriz Pinto de Sousa Amorim Rocha Trindade
Orientador: Rosa Ester Rossini
Resumo

No fim do século XX, a emigração tornou-se um fenômeno importante nas dinâmicas da população do Brasil. O fluxo de brasileiros para Portugal surge nesse momento como algo novo e dá conteúdos originais a uma antiga relação. A inversão do fluxo tradicional constitui um novo padrão, com sentido contrário ao que se estabeleceu desde o período colonial até meados do século. Essa inversão insere-se em um contexto mais amplo de reordenamento das migrações internacionais após 1945, o qual, por sua vez, relaciona-se às profundas transformações sociais, políticas, econômicas e espaciais que o mundo passava a conhecer. A partir de então a Europa concentra grande número de imigrantes - provenientes do próprio continente e de outras partes - o que reflete seu papel na divisão internacional do trabalho e sua influência geopolítica. Esse contingente populacional estrangeiro faz desacelerar a queda do crescimento populacional nos países europeus e satisfaz as necessidades de seus mercados de trabalho, inserindo-se em setores nos quais há pouca oferta de mão de obra ou naqueles trabalhos nos quais os autóctones recusam-se a realizar. Os brasileiros em Portugal seguem essa tendência. Porém, os imigrantes colocam aos principais países receptores o problema do número e do acesso à cidadania, esta última ainda fortemente vinculada ao Estado territorial, que no atual período da globalização redefine-se em virtude do aparecimento de novos atores no sistema internacional. Assim, são constrangidas a autonomia e soberania dos países quanto às políticas de migração a serem adotadas de modo a atender seus interesses. As migrações internacionais contemporâneas estabelecem, portanto, novos conteúdos nas relações entre território, Estado e população. Nesse contexto, Portugal subordina suas políticas de imigração às da Europa, mas, ao mesmo tempo, privilegia imigrantes do Brasil e das ex-colônias africanas, com os quais também procura fortalecer vínculos econômicos e políticos. O Brasil, por sua vez, solicitado por seus emigrantes, passa a articular políticas que visam atendê-los em suas necessidades. Estado de origem e Estado receptor, portanto, compartilham uma população híbrida, luso-brasileira, que os obriga a se relacionar e torna-se componente de suas estratégias de inserção no mundo. (AU)

Processo FAPESP: 08/51862-4 - Mudança de vento: a migração do Brasil para Portugal no fim do século XX e início do século XXI
Beneficiário:Aline Lima Santos
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado