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Trajetória dos maus-tratos infantis: um estudo na perspectiva da psicopatologia do desenvolvimento

Texto completo
Autor(es):
Lilian Paula Degobbi Bergamo
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Ribeirão Preto.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (PCARP/BC)
Data de defesa:
Membros da banca:
Marina Rezende Bazon; Clarissa de Antoni; Ana Maria Pimenta Carvalho; Maria Aparecida Crepaldi; Edna Maria Marturano
Orientador: Marina Rezende Bazon
Resumo

Bérgamo, L. P. D. (2011). Trajetória dos maus-tratos infantis: um estudo na perspectiva da Psicopatologia do Desenvolvimento. Tese de Doutorado, Departamento de Psicologia e Educação, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto - SP. Esta pesquisa teve por objeto de estudo o fenômeno dos maus-tratos contra crianças, norteando-se pela hipótese da existência de uma trajetória dessa problemática, caracterizada por sua continuidade no tempo, baseando-se numa articulação entre fase desenvolvimental - tipo de maltrato - tipo de consequência para a criança. Adotou-se como referencial a Psicopatologia Desenvolvimental, onde fenômeno ocorreria por problemas no sistema cuidador(es)-criançaambiente, associados a fatores de risco nos contextos \"desenvolvimental\" (características do cuidador e da criança), \"interacional\" (características da relação cuidador-criança e na família) e o \"mais amplo\" (características do entorno e percepção do apoio social). O objetivo geral foi verificar a existência de uma trajetória dos maus-tratos, buscando compreender sua constituição e manutenção no tempo. Especificamente, objetivou-se conhecer como os maustratos se manifestam em diferentes fases do desenvolvimento infantil e identificar as variáveis associadas, funcionando como risco ou proteção, nos três contextos. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, com delineamento transversal. Três grupos de participantes/mães foram constituídos, cujos casos foram notificados aos Conselhos Tutelares de Ribeirão Preto/SP, considerando as seguintes faixas etárias: 0-3, 4-6 ou 7-11 anos. Realizou-se um levantamento nos prontuários dos Conselhos, seguindo o critério de amostragem utilizado em estudos de casos múltiplos. Na coleta de dados, utilizou-se: (a) Questionário de Caracterização Sócio-Demográfica, visando caracterizar o cuidador, a criança, a família e o contexto em que se encontram; (b) Roteiros de Entrevista sobre o Desenvolvimento Infantil e da Interação Cuidador-Criança, visando informações sobre o desenvolvimento infantil, a interação mãe-criança e as práticas parentais adotadas, assim como sobre as situações de maus-tratos; (c) Child Behavior Checklist - CBCL, visando a obtenção de dados sobre o comportamento da criança. Referente à análise dos dados, o conjunto de informações concernente a cada caso foi estudado e analisado, observandose padrões de repetição no interior de cada um, de modo a compreender sua dinâmica e, dentro disso, os maus-tratos. Numa segunda etapa, procedeu-se à comparação dos \"casos\", visualizandose convergências e divergências, possibilitando a constituição de três agrupamentos, por meio dos quais chegou-se a diferentes categorias analíticas sobre o fenômeno. Uma das categorias descreve uma Trajetória persistente de dificuldades no sistema mãe-criança-ambiente - maustratos recorrentes, refletindo a continuidade dos maus-tratos no tempo e dos elementos associados à sua manutenção. Nesse sentido, encontrou-se fatores de risco estáveis nos três contextos analisados, além das crianças apresentarem problemas comportamentais significativos. A outra categoria a que se chegou é Dificuldades no sistema mãe-criança-ambiente condicionadas a determinadas circunstâncias / circunscritas no tempo - maus-tratos ocasionais, na qual os maus-tratos se manifestam devido a fatores no contexto interacional, além das crianças apresentarem alguns problemas comportamentais, geralmente internalizantes. A última categoria - Ausência de dificuldades significativas no sistema mãe-criançaambiente - ausência de maus-tratos - sintetiza as características de um grupo no qual não se identificou fatores de risco específicos, mas sim, diversos fatores de proteção. Assim, podese dizer que a hipótese estabelecida para o estudo foi comprovada. Os resultados, entretanto, trouxeram informações adicionais, indicando haver situações de maus-tratos que parecem mais circunscritas no tempo. Ainda, apresenta-se um modelo descritivo envolvendo os elementos associados à manutenção do fenômeno no tempo, bem como das características mais proeminentes em cada faixa etária, dando pistas sobre as variáveis que estão atreladas à origem dos maus-tratos e das que podem mantê-lo no tempo. (AU)

Processo FAPESP: 09/50164-4 - A trajetoria dos maus-tratos infantis: um estudo segundo a perspectiva da psicopatologia do desenvolvimento.
Beneficiário:Lilian Paula Degobbi Bergamo
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado