Teleologia, cultura e progresso político em Kant

Resumo

Pretende-se investigar a relação entre teleologia, progresso político e cultura, tal qual desenvolvida por Kant em textos publicados ao longo da década de 1790. No §83 da Crítica da Faculdade do Juízo, Kant apresenta a possibilidade de se ajuizar o homem como o último fim de um sistema teleológico da natureza. O homem pode ser ajuizado como tal porque ele é o único ser da natureza capaz de pôr a si mesmos fins incondicionados (fins morais) e, desse modo, se fazer fim terminal [Endzweck]. A cultura, entendida como a promoção da aptidão do ser racional para se colocar fins em geral, é aquilo que, preparando o homem para que ele possa fazer de si mesmo fim terminal, permite ajuizá-lo como o último fim da natureza. Kant considera que a cultura tem na sociedade civil a condição formal de seu desenvolvimento, de tal modo que sem o progresso da instituição da sociedade civil (aquilo que Kant entende por história da humanidade) não há lugar para a promoção da aptidão humana para fins em geral. Assim, a partir da relação entre último fim e fim terminal, pretende-se compreender a maneira como Kant pensa a questão da possibilidade da passagem da cultura, e do progresso político, para a moral.