Influência da antropização do ambiente na transferência trófica de ácidos graxos ao longo do ciclo reprodutivo em peixes

Resumo

O aumento das atividades humanas impactantes e o contínuo crescimento populacional em áreas de mananciais têm levado os ecossistemas aquáticos a níveis cada vez mais altos de poluição, principalmente pelo aumento da disponibilidade de nutrientes (geralmente nitrogênio e fósforo) e da proliferação de organismos fitoplanctônicos. Além disso, os diversos cenários de mudanças climáticas sugerem alterações nos padrões de temperatura e chuva que podem contribuir também para a eutrofização dos corpos d'água. Desta maneira, as alterações nas características físico-químicas da água ou outras modificações do habitat podem resultar em diminuição ou eliminação de muitos recursos alimentares para os peixes, alterando assim, toda a composição de lipídios, especificamente, ácidos graxos ao longo da cadeia alimentar. Deste modo, os ácidos graxos podem ser importantes biomarcadores no ambiente aquático, principalmente na eficiência dos mesmos em evidenciar a exposição dos peixes assim como demais organismos aquáticos aos contaminantes, além de serem usados para traçar a origem e a trajetória da matéria orgânica no ecossistema. Dentro do que foi exposto justifica-se a utilização dos ácidos graxos como biomarcadores da cadeia trófica em ambientes dulciaquícolas impactados, elegendo-se para este estudo trechos da Bacia do Rio Paraíba do Sul com graus de eutrofização diferentes. Levanta-se a hipótese de que ações antrópicas nos corpos de água alteram a composição dos ácidos graxos da comunidade bentônica e planctônica, alterando em última instância a composição dos tecidos de reservas, e consequentemente os processos de reprodução, em espécies ícticas de diferentes níveis tráficos. (AU)