Sensoriamento remoto aplicado à análise sedimentar quaternária no interflúvio dos Rios Negro e Branco (AM)

Resumo

A reconstituição de eventos geológicos ligados à evolução da Amazônia brasileira tem sido dificultada principalmente pela ampla área geográfica, cobertura vegetal densa, carência de exposições naturais de rochas, dificuldade de acesso, além do número reduzido de pesquisadores que atuam na região. Em regiões com tais características, a aplicação de produtos de sensoriamento remoto é fundamental como forma de geração de informações sobre os ambientes físicos atuais, bem como daqueles desenvolvidos durante o Quaternário, e que ainda são passíveis de serem reconhecidos na paisagem atual através da preservação de feições morfológicas pretéritas, até mesmo em áreas sob densa cobertura vegetal. Vários estudos realizados recentemente no âmbito do projeto FAPESP # 004/15518-6), coordenado pela Dra. Dilce de Fátima Rossetti, servem para ilustrar as vantagens na aplicação deste tipo de metodologia voltada ao reconhecimento de feições morfológicas abandonadas na paisagem atual que possam ser utilizadas ao reconhecimento de sistemas deposicionais quaternários. Este tipo de análise, combinada à caracterização da drenagem moderna e o reconhecimento de lineamentos morfoestruturais relacionados com causas tectônicas, vem auxiliando a elaboração de modelos enfocando a evolução tectono-sedimentar quaternária em áreas da Amazônia oriental. O presente projeto de pesquisa tem, como objetivo principal, a análise de produtos de sensoriamento remoto e integração com dados geológicos disponíveis na literatura, visando-se a caracterização morfológica da área situada entre os rios Negro e Branco, norte da Bacia do Amazonas. Estudos desta natureza podem disponibilizar um grande volume de informações visando-se: 1. A elaboração de modelos de evolução de paleoambientes quaternários; 2. O estabelecimento de estratégias de investigação direta em campo de forma a permitir identificação de alvos de maior interesse para priorização dos trabalhos de coleta de informações e aprimoramento de modelos evolutivos, otimizando recursos financeiros e tempo de permanência em campo; e 3. A verificação de possíveis controles geológicos ocorridos no Quaternário que possam explicar a origem de manchas de savana em meio à floresta amazônica. (AU)