Efeito de diferentes taxas de resfriamento sobre a cerâmica feldspática de cobertura para infraestruturas em zircônia

Resumo

Cerâmicas densas a base de óxido de zircônio (ZrO2) estabilizadas com ítrio (3Y-TZP) foram recentemente introduzidas no campo da prótese odontológica, despertando um grande interesse devido às suas propriedades. Como a zircônia não consegue simular as características dentais, seu uso fica restrito à confecção de infraestruturas de restaurações indiretas, enquanto a mimetização com as estruturas dentárias é conseguida por sucessivas queimas de cerâmicas feldspáticas de cobertura. No entanto, problemas como pequenos lascamentos e fratura da cerâmica de cobertura nessas próteses levam ao insucesso 15% dos trabalhos nos primeiros cincos anos. Entre os fatores que podem causar essas falhas, pode-se citar a tensão térmica residual excessiva gerada durante o resfriamento e causada pela diferença de coeficiente de expansão térmica (CET) entre a zircônia e a cerâmica de cobertura. Essa tensão residual é estabelecida durante a sinterização e pode ser provocada por uma incompatibilidade do CET entre os dois materiais ou por uma inadequada taxa de resfriamento quando a cerâmica passa do estado plástico para o sólido (temperatura de transição vítrea - Tg). Sendo assim, julga-se oportuno avaliar a resistência a flexão, parâmetros de Weibull, análise fractográfica, dureza Vickers e tenacidade a fratura, além de realizar análise térmica diferencial e difração de raios X de corpos-de-prova bicamada (cerâmica de cobertura e infraestrutura de zircônia) submetidas a diferentes taxas de resfriamento. Por fim, faz-se importante simular com auxílio do método de elementos finitos, a aplicação de cerâmica de cobertura em infraestrutura de zircônia com o objetivo de predizer as áreas de tensões residuais e entender o processo de resfriamento no fracasso clínico por lascamento da interface zircônia/cerâmica de cobertura. (AU)