Influência terapêutica de um calçado flexível, sem salto e de baixo custo sobre os aspectos clínicos e cinemáticos da marcha de idosas com osteoartrite de joelho

Resumo

A osteoartrite (OA) é a afecção reumática crônica-degenerativa mais freqüente do sistema musculoesquelético, atingindo 16,19% da população brasileira. Essa doença tem implicações importantes como o afastamento do trabalho e a aposentadoria antecipada. O joelho é a segunda articulação mais afetada pela doença devido ao seu constante estresse mecânico, tornando este fator uma das mais relevantes causas de surgimento e progressão da OA. Desta forma, um dos principais tratamentos visa à diminuição de carga intra-articular. Recentemente, estudos têm demonstrado que o uso de calçados, de forma aguda, que simulem a marcha descalça podem minimizar essa sobrecarga articular. Contudo, ainda não se sabe sobre o efeito crônico deste tipo de calçado sobre aspectos funcionais e biomecânicos da marcha de idosas com OA de joelho. Diante disso, o objetivo do presente estudo é avaliar o efeito terapêutico crônico de um calçado flexível, sem salto e de baixo custo financeiro, sobre os aspectos clínicos, funcionais e cinemáticos da marcha de idosas com OA de joelho. A cinemática da marcha de 20 idosas com OA de joelho graus 2 e 3 (Kellgren e Lawrence) será avaliada biomecanicamente por meio de câmeras infra-vermelho. Além disso, aspectos clínicos e funcionais também serão avaliados por meio de uma escala de dor do tipo Likert e do questionário algo-funcional de Lequesne. As participantes serão aleatorizadas (em blocos) e alocadas no grupo que fará uso de um calçado flexível e sem salto, denominado grupo intervenção (GI) ou no grupo que não utilizará este calçado (GC). Ambos os grupos serão acompanhados por 6 meses. Os processos de avaliação e intervenção serão divididos da seguinte forma: etapa 1, onde ocorrerá a triagem, a avaliação inicial das potenciais participantes, avaliação global do médico (AGM), avaliação global da paciete (AGP) e avaliação da dor; etapa 2, onde serão a função e a qualidade de vida por meio do questionário Lequesne, além da avaliação cinemática dos membros inferiores durante a marcha. Na etapa 3 (3º meses de acompanhamento), o GI e o GC terão novamente avaliados a dor e a escala de funcionalidade de Lequesne. Na etapa 4, após 6 meses do início do processo de acompanhamento, ambos os grupos serão reavaliados por meio da AGP, AGM, escala da dor, Lequesne e análise cinemática da marcha. Esta etapa será a avaliação final, caracterizando assim o término da intervenção. Como forma de contribuição ética para com as participantes do GC, será dado a cada paciente um par da Moleca após o término do estudo (etapa 4). As comparações inter-grupos serão realizadas por meio de testes t independentes e inter-momentos por meio de testes de análise de variância (ANOVA) para medidas repetidas seguidas de post hoc de Newman-Keuls. Este procedimento será realizado para cada variável estudada. As comparações da variável do Lequesne serão comparadas por meio do teste de Mann-Whitney. Será adotado ± = 0,05. Espera-se que a funcionalidade das pacientes com OA aumente e que a dor diminua, além de possíveis alterações na cinemática da marcha que demonstrem melhora durante a locomoção. (AU)