Transferência solo-planta de metais pesados e avaliação de risco à saúde humana em áreas olerícolas do estado de São Paulo

Resumo

A preocupação quanto à presença e acúmulo de elementos potencialmente tóxicos (principalmente alguns metais pesados) no solo e consequentemente nas plantas tem sido constante, devido aos efeitos adversos que estes podem causar ao meio ambiente e a saúde humana. Uma das principais vias de exposição de metais pesados (MP) para a maioria da população é por meio da ingestão de alimentos, mas poucos são os estudos relacionados às concentrações de MPs em solos e vegetais de regiões tropicais úmidas, sobretudo no Brasil. O índice mais comumente utilizado para estimar o acúmulo de metais pesados em vegetais e a subsequente exposição humana pelo consumo de vegetais é o fator de bioconcentração (BCF), que é a razão entre a concentração de MPs em partes comestíveis das plantas e da concentração total do metal no solo. Porém, o BCF não descreve adequadamente o mecanismo de transferência solo-planta dos metais, e a utilização de relações envolvendo os principais atributos dos solos que influenciam a disponibilidade dos MPs às plantas pode explicar as relações solo-planta com mais detalhes. O estado de São Paulo é o maior mercado consumidor, além de ser o maior e mais diversificado produtor olerícola no Brasil. Assim, são necessárias pesquisas referentes às concentrações de MPs em solos e em hortaliças, para avaliação da qualidade dos mesmos em relação aos limites estabelecidos pela legislação. Da mesma forma, é importante estabelecer os limites críticos desses elementos em solos, por meio de modelos de avaliação de risco à saúde humana, baseados em resultados que representem a real condição dos solos paulistas. O Instituto Nacional de Saúde Pública e Meio Ambiente da Holanda (RIVM) é um centro de excelência em pesquisas relacionadas à transferência solo-planta de elementos potencialmente tóxicos e avaliação de risco ecotoxicológicos e da saúde humana e há vários anos desenvolve estudos para subsidiar o governo holandês nas tomadas de decisão quanto aos valores orientadores para solos e águas subterrâneas daquele país. O RIVM desenvolveu modelo matemático C-Soil e assessorou a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) a desenvolver a Tabela de Valores Orientadores de SP. A Cetesb é o órgão ambiental do Estado de São Paulo, responsável pelo controle, fiscalização, monitoramento e licenciamento de atividades geradoras de poluição. Objetiva-se nesse trabalho: (i) calcular o risco à saúde humana devido ao consumo dos vegetais; (ii) derivar as relações solo-planta e calcular a concentração crítica no solo de Cd, Cu, Ni, Pb e Zn, utilizando o modelo C-Soil. (AU)