Degradação florestal na Amazônia: impactos em longo prazo no ciclo de carbono

Resumo

Apesar de o desmatamento na Amazônia ter diminuído na última década, processos de degradação florestal como exploração madeireira, fragmentação e incêndios de sub-bosque ainda afetam significativamente o ciclo de carbono. Entretanto, o impacto destes processos ainda apresentam grandes incertezas, e estudos baseados em observação são muito curtos para caracterizar a dinâmica em longo prazo de áreas degradadas. Para superar algumas destas limitações, integraremos medidas de campo e de sensoriamento remoto a um modelo baseado em indivíduos e em processos (Ecosystem Demography model, ED) a fim de estudar o impacto em longo prazo da degradação florestal no ciclo de carbono. O modelo ED será desenvolvido para representar dois processos-chave: uma parametrização de distúrbios por exploração madeireira e a implementação de um modelo de queimadas mecanístico que representará incêndios de sub-bosque. Utilizaremos inventários florestais, LiDAR aerotransportado e cronossequências de uso de solo por satélite para três áreas da Amazônia com históricos distintos de uso de solo (Paragominas, Santarém e Feliz Natal) para obter condições iniciais representando a paisagem heterogênea de áreas degradadas, e usaremos dados multitemporais para avaliar e calibrar os novos desenvolvimentos e a regeneração florestal após distúrbios. Em seguida, simularemos um conjunto de cenários futuros de mudanças climáticas e de uso de solo para avaliar o papel de mudanças no micro-ambiente em relação a mudanças no clima, suas interações, e o impacto de perdas devidas a distúrbios e ganhos devidos à regeneração no ciclo de carbono em longo prazo. Os desenvolvimentos deste projeto proverão uma nova plataforma para estudo do impacto de distúrbios antropogênicos nos ecossistemas ao longo do século XXI, que incluirá de um espectro maior de efeitos diretos e indiretos de mudanças do uso da terra.