Intemperismo químico e fluxo de nutrientes para o oceano no Ediacarano superior e suas relações com a diversificação da vida

Resumo

O aparecimento dos primeiros organismos complexos durante o período Ediacarano (de 635 a 541 Ma) é um dos episódios mais notáveis da história da Terra. Ainda assim, as causas que promoveram tal evolução da vida continuam desconhecidas. Uma das hipóteses é o aumento do fluxo de nutrientes para o oceano via intemperismo químico de grandes massas continentais formadas neste período. A alta disponibilidade de nutrientes teria estimulado a atividade biológica e possibilitado a irradiação da vida. Embora plausível, isto ainda não foi testado em uma escala global. O objetivo deste projeto é testar esta hipótese utilizando composições isotópicas de Li e de Elementos Terras Raras (ETR) de rochas carbonáticas como monitores de intemperismo químico. Os alvos são duas unidades geológicas situadas no paleocontinente Gondwana Ocidental: os Grupos Corumbá e Bambuí no Brasil. Os resultados serão comparados com dados bioquímicos e paleontológicos obtidos nas mesmas unidades por outros pesquisadores participantes do Projeto Temático, com o objetivo de identificar correlações. Desta forma, este projeto fará parte de um esforço para identificar e entender como a vida evoluiu para formas complexas. Atualmente, nenhum laboratório da América do Sul realiza análises isotópicas de Li e não há rotinas completas para determinação de ETR em fração carbonática de rochas no Brasil. Assim, um objetivo secundário é implementar estes procedimentos analíticos em laboratórios geoanalíticos das universidades estaduais de São Paulo para uso futuro por outros pesquisadores. Este projeto visa não somente entender as mudanças bioquímicas do oceano do Ediacarano Superior, mas também promover inovação científica, deixando um valioso legado para a Geociências do Brasil. (AU)