Caracterização da origem do interflúvio dos rios Orinoco e Amazonas e sua influência nos paleoambientes e diversificação da biota

Resumo

Apesar do crescente reconhecimento de que a dinâmica fluvial desempenha um papel importante na evolução da paisagem amazônica e na diversificação da biota, faltam informações sobre o timing e os mecanismos que controlam mudanças no sistema fluvial amazônico ao longo do tempo. Essa lacuna de conhecimento resulta da falta de idades robustas para os registros geológicos do Cenozoico Tardio (Neógeno e Quaternário) e da ausência de proxies adequados para comparação entre sistemas fluviais antigos e modernos. Esse é o caso particular das planícies e áreas sub-andinas do noroeste da Amazônia, compreendendo os rios Caquetá e Guaviare que drenam o interflúvio das bacias dos rios Amazonas e Orinoco, respectivamente. Este projeto de pesquisa utiliza abordagem integrada baseada em métodos geológicos, geocronológicos e filogeográficos para reconstruir a história paleogeográfica do noroeste da Amazônia e seus efeitos na evolução biótica durante o Neógeno e o Quaternário. Trazendo novas técnicas, vamos gerar um dos registros mais detalhados já produzidos sobre a evolução da paisagem do sistema fluvial que drena o interflúvio Amazonas-Orinoco. Tal registro possibilitará responder questões fundamentais sobre o (1) tempo e mecanismo da separação das bacias do Amazonas e Orinoco, (2) resposta dos sistemas fluviais às mudanças climáticas e tectônicas, e (3) como as mudanças nas planícies fluviais impactam a evolução das aves e plantas em diferentes escalas de tempo. Uma parte importante de nossa proposta será desenvolver de forma mais profunda as colaborações existentes entre pesquisadores brasileiros e colombianos, que utilizam dados geológicos e biogeográficos para testar e aperfeiçoar modelos de evolução da paisagem. Os dados gerados permitirão melhorias significativas nesses modelos, contribuindo, em última análise, para previsão mais precisa de mudanças futuras nos rios e na biodiversidade amazônica, e para fomentar cientistas e tomadores de decisão na criação de estratégias inteligentes e eficazes de conservação e mitigação de impactos ambientais. (AU)