Prevenção do acidente vascular cerebral por meio da estimulação não invasiva do nervo vago: um ensaio piloto randomizado controlado

Resumo

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte e invalidez em todo o mundo, e um dos principais sinais de alerta para o AVC é o ataque isquêmico transitório (AIT). Embora os danos neurológicos não sejam permanentes, a principal preocupação no AIT é a recorrência do AVC. Uma das questões mais antigas e desafiadoras no tratamento das doenças cerebrovasculares é como gerenciar os níveis pressóricos após um evento súbito. Sabemos que os benefícios de alguns medicamentos anti-hipertensivos na prevenção de AVC são devido à redução da variabilidade da pressão arterial (VPA). Entretanto, chama nossa atenção que pacientes após AIT com elevada VPA durante o tratamento anti-hipertensivo apresentam um pior prognóstico, apesar do controle dos níveis pressóricos. Por outro lado, dados de estudos clínicos e experimentais direcionam a atenção para a estimulação do nervo vago transcutâneo (ENV-t) como abordagem adjuvante em algumas condições clínicas refratárias à abordagem farmacológica. Adicionalmente, outros estudos também reportam os efeitos agudos da ENV-t no sistema nervoso autônomo em indivíduos saudáveis. Por exemplo, nosso grupo demonstrou recentemente que a ENV-t reduz a frequência cardíaca, a VPA sistólica e a modulação simpática cardíaca e periférica em indivíduos saudáveis. Diante desses dados, vislumbramos um potencial terapêutico desta técnica não invasiva de neuromodulação na prevenção do AVC em pacientes com elevada VPA após AIT. Entretanto, a densidade de energia ideal para que a ENV-t controle os níveis pressóricos e a disfunção autonômica em pacientes com elevada VPA após AIT permanece desconhecida. Este é, portanto, o ponto que fundamenta a proposta desta investigação, que têm como o foco identificar os parâmetros de ENV-t ideais para reduzir a frequência cardíaca, pressão arterial, VPA sistólica e atividade nervosa simpática muscular em pacientes com elevada VAP após AIT. Para isto, a presente proposta é composta por dois estudos. No primeiro estudo exploraremos a combinação de alguns parâmetros de configurações de densidades de energia de estimulação baseado em estudos anteriores com outras populações. Nossa hipótese é que os parâmetros de moderada densidade de energia serão eficazes e seguros em induzir mudanças no controle autonômico periférico e na hemodinâmica encefálica e sistêmica do que combinações mais extremas de densidade de energia. Em seguida, selecionaremos o protocolo mais eficiente e seguro do primeiro estudo e conduziremos um piloto de um ensaio clínico randomizado e controlado. Para isto, trinta pacientes com elevada VPA após AIT serão alocados aleatoriamente em dois grupos homogêneos, no qual o melhor parâmetro de estimulação será aplicado em uma área ativa ou em uma área inócua/placebo durante 30 dias consecutivos a fim de investigar seus efeitos sobre a hemodinâmica encefálica e sistêmica e na função autonômica. A hipótese deste segundo estudo é que apenas a ENV-t na área ativa controlará a hemodinâmica encefálica, disfunção autonômica e diminuirá a VPA em pacientes após AIT. (AU)